Quase um ano depois de ter sido a primeira escolha do ‘draft' na MLS, a Liga norte-americana de futebol, o português João Moutinho trocou os Los Angeles FC pelo Orlando City com "grandes esperanças" para a nova época.

De regresso a Portugal após o fim da edição de 2018 da MLS, o lateral esquerdo de 20 anos fez um balanço do ano de estreia à margem de um ‘showcase' da empresa Next Level para mostrar jogadores a sete universidades dos Estados Unidos, em Abóboda (Cascais), no qual motivou os jovens futebolistas a seguirem as suas pisadas e a arriscar o salto para a América.

"Foi um ano com altos e baixos. Comecei a época muito bem, mas depois tive uma expulsão e uma lesão. A partir daí não foi tão fácil recuperar o ritmo e a titularidade. Acabei a época a não jogar tanto e estou feliz com a oportunidade que vou ter em Orlando. Espero que a época seja mais consistente", declarou, acrescentando: "Temos grandes esperanças".

Em entrevista à Lusa, o jogador, que cumpriu a sua formação no Sporting até rumar aos EUA, assumiu-se como um "pioneiro" e salientou o despertar para o potencial do futebolista português e a "oportunidade de ouro" que jovens como ele podem ter para prosseguir os estudos e o futebol.

Após o percurso nas camadas jovens ‘leoninas', João Moutinho abraçou o desafio na University of Akron, no estado do Ohio, mais conhecida como a terra natal do basquetebolista LeBron James. Dos relvados de Alcochete para os campos de Akron, porém, confessou que a mudança não foi assim tão profunda: "Tanto em Akron como em Los Angeles o estilo de futebol que jogávamos era muito idêntico ao que jogava no Sporting".

O curso de Gestão de Empresas que quis seguir nos EUA acabou por passar agora para segundo plano, com a entrada como profissional na MLS. No entanto, o futebolista luso vincou a vontade de manter viva a carreira académica.

"Os estudos são tão ou mais importantes do que o futebol. Se alguém não passar nas ‘cadeiras' depois não pode jogar, porque não tem elegibilidade. Agora estou a continuar a estudar online, não estou a fazer tantas cadeiras como gostaria, mas, com calma, vou fazendo. A prioridade é o futebol", explicou.

Paralelamente, João Moutinho advogou a competitividade da liga norte-americana de futebol como mais um motivo para acolher outros jogadores portugueses, num ano em que se tornou mediática a transferência do internacional sub-21 André Horta, com quem partilhou balneário no Los Angeles FC.

"A Liga está a fazer uma jogada muito inteligente ao contratar também jovens e daqui para o futuro vai ficar cada vez melhor. A Liga é sem dúvida uma das mais competitivas do mundo, porque não há favoritismos como aqui em Portugal, em que temos três equipas que todos os anos lutam pelo campeonato", resumiu.

O treinador responsável pelo ‘salto' de João Moutinho para Akron, Ger Coppinger, esteve novamente esta semana em Portugal para outra missão de prospeção, contando desta feita com a companhia de representantes da North Carolina University, FDU, Sacred Heart, University of Kentucky, Alabama Huntsville University e Santa Clara Califórnia University.

À Lusa, o irlandês radicado há mais de uma década nos EUA elogiou a qualidade dos jogadores portugueses: "Demos uma oportunidade ao João, ele deu-nos também uma oportunidade e foi perfeito. Essa foi a nossa primeira viagem aqui a Portugal. Esta é já a terceira e esperamos poder levar um ou dois jogadores. Portugal era um mercado por explorar."

Já Tasslim Sualehe, administrador executivo da Next Level, destacou o "impacto muito grande" da aposta em João Moutinho na atração de mais universidades norte-americanas para a captação de jovens talentos portugueses.

"Aqui estão sete universidades, mas desde dezembro todos os fins de semana vêm cá treinadores. Viram que temos qualidade. Se os jogadores chegarem à MLS até aos 23 anos, o clube de origem recebe os direitos de formação. Fazemos a ponte entre os EUA e os jogadores portugueses. Não só no futebol, mas também de outras modalidades", concluiu.