A conquista da terceira Taça da Ucrânia e o iminente ‘tri’ no campeonato em três épocas no futebol ucraniano levam o treinador português Paulo Fonseca a admitir que “é praticamente impossível fazer melhor” no Shakhtar Donetsk.
Em entrevista à Lusa, o técnico, de 46 anos, salienta o “sentimento de satisfação enorme” pelo reconhecimento do trabalho por via dos títulos, enfatizando o peso das circunstâncias adversas que recaem sobre o clube, ‘exilado’ desde 2014 em Kharkiv, longe dos seus adeptos, devido ao conflito com separatistas pró-Rússia na região de Donetsk.
“É preciso não esquecer que quando chegámos aqui o clube não vencia há dois anos, desde que saíram de Donetsk. Ganhar nestas circunstâncias tem, efetivamente, um sabor especial, porque têm sido circunstâncias muito difíceis. E isso é algo muito gratificante. Sinceramente, acho que é praticamente impossível fazer melhor. Pode fazer-se igual, mas melhor acho que é, neste momento, impossível aqui no Shakhtar”, afirma.
O triunfo na quarta-feira na final da Taça da Ucrânia, por 4-0, sobre o Inhulets, da segunda divisão, representou até a quarta conquista seguida para o técnico, se for somada a Taça de Portugal alcançada ao leme do Sporting de Braga em 2015/16, a última época em que treinou em solo nacional. Por outro lado, o trio de taças já alcançadas a leste fizeram de Paulo Fonseca o primeiro treinador português a vencer três taças num país estrangeiro de forma ininterrupta.
“Em três anos conquistarmos as três taças e termos a possibilidade de conquistarmos os três campeonatos é um feito que me deixa muito orgulhoso”, confessa, acrescentando: “É sempre bom fazermos algo que ainda não foi feito. É para isto que trabalhamos, para vencer. O que sei neste momento é que o clube é vencedor. Isso é algo que ninguém vai poder tirar da história”.
Paulo Fonseca garante também não estar preocupado com a ideia de deixar “um legado” no clube, depois de ele próprio ter assumido o comando da equipa na sequência de um percurso de 12 anos do treinador romeno Mircea Lucescu. Com contrato por mais uma temporada, o técnico não descarta uma saída neste verão, depois de o seu nome ter sido apontado na imprensa desportiva como um possível alvo da Roma e de clubes da Premier League inglesa.
“Vamos ver. Tenho mais um ano de contrato e é preciso analisar aquilo que poderá ser a minha carreira em termos futuros. Todas estas coisas têm de ser pensadas e pesadas para se tomar uma decisão”, explica, vincando o seu desejo para o futuro: “É minha ambição – e acredito que isso vai acontecer, mais dia, menos dia – chegar a um dos melhores campeonatos europeus. Se vai ser já, não sei. Com certeza não ficarei 12 anos no Shakhtar”.
Com passagens por 1.º Dezembro, Odivelas, Pinhalnovense, Desportivo das Aves, Paços de Ferreira, FC Porto, Sporting de Braga e Shakhtar Donetsk, Paulo Fonseca conta já no palmarés com duas Ligas, três Taças e uma Supertaça da Ucrânia, além de uma Taça de Portugal nos bracarenses e uma Supertaça Cândido de Oliveira pelos ‘dragões’.
O nono título pode chegar já no fim de semana, se confirmar o ‘tri’ no campeonato, em que tem 11 pontos de vantagem sobre o rival Dínamo de Kiev, com apenas 12 por disputar.
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