Paulo Fonseca está retido em Kiev e impedido de viajar, após a invasão militar russa à Ucrânia. O antigo treinador do Shakhtar Donetsk tinha voo marcado para às 10h00 desta quinta-feira mas acabou retido no mesmo hotel onde está hospedado a equipa do Shakhtar Donetsk.

"Acordei às cinco da manhã com cinco explosões seguidas. Foi aí que teve a perceção que tinha rebentado o conflito. Tinha voo marcado para hoje, mas agora é impossível sair daqui, até porque os aeroportos já estão destruídos e o espaço aéreo foi encerrado", começou por explicar o treinador português ao 'Jornal de Notícias'.

O técnico, que é casado com uma ucraniana, explicou que vai tentar fugir para Lviv, que fica perto da Polónia, mas não sabe como faze-lo já que há filas enormes de carros a sair de Kiev e falta combustível nos postos de abastecimento.

"Só resta rezar para que uma bomba não caía junto de nós. Sinceramente, não sei como vou sair daqui", confessou ao 'Jornal Notícias'.

Também a mulher de Paulo Fonseca, Katerina Fonseca, manifestou a sua "dor" e "raiva" pelo que se está a passar no seu país e mostrou-se muito preocupada com toda a situação, principalmente pelo filho que tem com o técnico português.

"O meu filho pequeno não merecia a guerra. As crianças da Ucrânia não mereciam a guerra. O dia mais assustador de sempre", escreveu Katerina Fonseca nas redes sociais, ela que é apresentadora de televisão.

De recordar que Paulo Fonseca orientou o Shakhtar Donestk entre 2016/2017 e 2018/2019.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou hoje o início de uma operação militar no leste da Ucrânia, alegando que se destina a proteger civis de etnia russa nas repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk.

Num discurso televisivo, Putin disse que decidiu lançar a operação militar em resposta a ameaças de “genocídio” no leste da Ucrânia vindas das autoridades de Kiev, defendendo que a responsabilidade por um eventual derramamento de sangue é do “regime” ucraniano.

Na sequência desta intervenção militar, os líderes do Conselho e da Comissão Europeia, respetivamente, Charles Michel e Ursula Von der Leyen, advertiram o Kremlin que o regime de Moscovo será “responsabilizado” pelos seus atos.

Os líderes da UE devem encontrar-se hoje numa cimeira em Bruxelas às 20:00 (19:00 em Lisboa), já depois de Moscovo ter sido avisado sobre o endurecimento das sanções europeias caso a Rússia atacasse a Ucrânia.

"Vamos pedir contas ao Kremlin", escreveram o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e a presidente da Comissão Europeia, Úrsula von der Leyen, numa publicação conjunta na rede social Twitter.