Há 10 anos à frente da liga espanhola, o homólogo de Pedro Proença mantém-se muito crítico à criação de uma Superliga Europeia.

Em entrevista ao jornal 'A Bola', Javier Tebas utiliza o SC Braga como exemplo para suportar a teoria de que a nova competição seria injusta para alguns clubes, mesmo que se tornassem campeões das respetivas ligas.

"À terceira categoria, mesmo sendo campeão [o SC Braga] não teria direito a ir à Liga "Star", onde, embora não o tendo sido, poderia estar o Benfica. O SC Braga ficaria, pois, na terceira divisão europeia, teria de ser um dos dois primeiros para poder subir à segunda e depois o mesmo para ascender à primeira", lembrou.

"Com isto rompe-se a essência com a que criámos o futebol europeu, os resultados desportivos nas ligas nacionais deixam de garantir a presença na Europa na temporada seguinte", lamentou.

Um dos argumentos utilizados pelos mentores da nova competição europeia está suportado na cada vez menor afluência aos estádios, dizem, uma teoria prontamente contrariada por Javier Tebas.

"Esta temporada estamos a bater todos os recordes de assistência, vamos chegar a 85% na taxa de ocupação dos estádios, basta ver as imagens na televisão para constatar que os jovens sim vão aos jogos e em grande número, isto não sucede só em Espanha, mas em toda a Europa. Todos os estudos contradizem a Superliga que não consegue apresentar nada que confirme o que afirma, e que não é mais que uma conversa de bar às cinco da manhã", disse o responsável máximo da La Liga, que também garantiu que o futebol europeu está bem e recomenda-se, dando o exemplo do consumo ávido dos jovens nas mais diferentes plataformas, nomeadamente os mais jovens.

"Essa é outra mentira. Agora o que mais se vende nos quiosques e nos supermercados são os cromos dos jogadores comprados por miúdos de 10 a 12 anos, o que mais se vê no Tik-Tok são os vídeos de futebol, há um aumento claro do número de jovens que vê futebol em direto, nos smartphones, nos tablets ou usando o duplo ecrã enquanto falam com os amigos por WhatsApp. O que é verdade é que as pessoas com mais de 50 anos veem menos futebol, não porque não queiram, mas porque têm mais dificuldade em usar a tecnologia."

Sobre as alterações previstas no formato da Liga dos Campeões, quiçá em resposta à ameaça de uma nova liga europeia, Javier Tebas considera que a mudança não deveria ser tão abrupta, defendendo a existência de um período experimental de 3 a 4 anos.