O futebolista internacional português Cristiano Ronaldo, que joga no Manchester United, reconheceu na quarta-feira ter encarado a perda do filho em abril como “o pior momento da sua vida” desde o desaparecimento do pai, em 2005.
“Quando temos um filho, esperamos que tudo seja normal. Nós passámos por momentos difíceis, não percebemos o que nos sucedeu e foi complicado de entender aquilo que se passava em certa altura das nossas vidas”, contou o capitão da seleção portuguesa, cuja primeira parte da entrevista concedida a um canal televisivo britânico foi hoje divulgada.
Em 18 de abril, o avançado anunciou “com a mais profunda tristeza” nas redes sociais a morte à nascença de um dos gémeos que esperava com a esposa Georgina Rodríguez, frisando, porém, “alguma esperança e felicidade” com o nascimento de Bella Esmeralda.
“Tentei explicar à minha família e aos amigos mais próximos que nunca pensei estar feliz e triste ao mesmo tempo. É difícil explicar se choras ou sorris, visto que não sabes como reagir nem saber aquilo que fazer. Não sei qual é a palavra para descrever o que senti, mas foi um sentimento louco. Estou contente, ao menos, por termos a Bella”, desabafou.
Cristiano Ronaldo teve “um processo difícil” na hora de “contar a verdade” aos restantes quatro filhos, confidenciando “uma bela conversa” com o mais velho, Cristianinho, de 12 anos, com quem “chorou junto”, mas acredita que esse infortúnio o tornaria “melhor pai”.
“As cinzas estão comigo, tal como as do meu pai. Quero ficar com elas para o resto da vida e guardo-as para mim. Fiz uma capela em casa. Guardo o meu filho e o meu pai. Se falo com eles? Sim, muitas vezes. Ajudam-me a ser melhor homem e melhor pessoa e estão ao meu lado”, partilhou, durante a conversa com o jornalista inglês Piers Morgan.
Com a voz embargada, o madeirense falou pela primeira vez acerca do falecimento de Angel, contrastando esse registo intimista com tiradas polémicas acerca da sua relação com dirigentes, equipa técnica e antigos colegas de equipa dos ingleses do Manchester United, que foram mediatizadas em excertos da entrevista publicados desde domingo.
“É muito difícil jogar depois disso. Tive o apoio da família e a Georgina Rodríguez disse-me para ir, porque me ajudaria e ia esquecer um pouco esta situação. É difícil, mas ao mesmo tempo não pensas muito nisso e treinar era bom nesse aspeto. Só que o futebol anda muito rápido e nunca há tempo para parar entre jogos, treinos e seleção”, lembrou.
Cristiano Ronaldo regressou aos trabalhos apenas dois dias depois do anúncio da morte, algumas horas volvidas sobre a goleada sofrida pelos ‘red devils’ em Liverpool (4-0), da 30.ª jornada da Liga inglesa, num jogo assinalado pela homenagem dos adeptos ‘reds’.
“Nunca esperei. Recebi cartas da família real. Surpreendeu-me imenso. Respeito muito a comunidade britânica pela maneira como me tratou nesse momento. Foi espetacular”, registou o vencedor de cinco Bolas de Ouro (2008, 2013, 2014, 2016 e 2017), garantindo “estar bem por agora” quando confrontado sobre a eventualidade de ter mais filhos.
A segunda parte da entrevista do capitão da seleção portuguesa será divulgada hoje, a partir das 20:00, depois da interrupção das competições de clubes para o Mundial2022, que decorre entre domingo e 18 de dezembro, no Qatar, com a participação de Portugal.
“Era a altura de dizer algo. Como já expressei muitas vezes, os adeptos são a coisa mais importante no futebol. Jogamos por eles, estão sempre do meu lado e sinto isso a toda a hora. Quando estou a andar na rua, vêm ter comigo e apreciam o que eu fiz e faço pelo futebol”, justificou ‘CR7’, cujo arranque atribulado de temporada 2022/23 em Manchester gerou três golos em 16 partidas, 10 das quais como titular, num total de 1.050 minutos.
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