A Gestifute, empresa do agente Jorge Mendes, fez saber esta quinta-feira, através de uma declaração pública, que Cristiano Ronaldo e José Mourinho estão em dia com as suas obrigações fiscais tanto em Espanha como no Reino Unido.
Na mesma declaração, enviada à Agência Lusa, a Gestifute sublinha que Cristiano Ronaldo e José Mourinho nunca estiveram envolvidos em qualquer processo judicial relativo à prática de qualquer delito fiscal e ameaça que qualquer insinuação ou acusação dessa natureza em relação a ambos será denunciada e perseguida nos tribunais.
Esta reação da Gestifute surge na sequência da notícia publicada hoje no jornal digital espanhol El Confidencial, que acusa Cristiano Ronaldo de ter utilizado durante anos uma empresa da Irlanda, com sede em Dublin, a Multisports & Image Management (MIM) Limited, para explorar os seus direitos de imagem e arrecadar os proveitos milionários que obtém com eles.
O jornal espanhol baseia-se em documentos revelados pelo ‘site’ Football Leaks, aos quais teve acesso e que, alegadamente, demonstram que o internacional português usou aquela empresa irlandesa para acertar as condições e assinar os contratos com as grandes marcas que o escolheram para promover os seus produtos.
De acordo com o Football Leaks, Cristiano Ronaldo terá assinado contratos publicitários e de direitos de imagem com a Nike, Linic, Konami, KFC e Toyota através da citada empresa sediada na Irlanda, com o objetivo de pagar menos impostos, apenas 12,5 por cento dos montantes recebidos, uma percentagem muito baixa comparativamente ao que é prática na zona Euro.
Segundo o El Confidencial, caso o avançado do Real Madrid recebesse os mesmos valores por uma empresa espanhola, teria de pagar 43,5 por cento de impostos.
Entretanto, ainda segundo o El Confidencial, o eurodeputado do partido ‘Os Verdes da Catalunha’ (ICV), Ernest Urstasun, anunciou que levará este caso que envolve o jogador português à comissão de investigação sobre evasão fiscal do Parlamento Europeu.
Num comunicado difundido hoje, Urtasun afirma que a informação publicada pelo El Confidencial “é um novo escândalo inaceitável no futebol espanhol” e considera que existe “um problema de fraude sistémica que deve ser investigado em profundidade”.
O mesmo eurodeputado defende que os futebolistas que atuam na liga espanhola “devem pagar os impostos dos direitos de imagem ao Estado espanhol” e denuncia “os efeitos nocivos da competição fiscal desleal entre países”, de que é exemplo a Irlanda, que provoca “um prejuízo inaceitável para os cofres públicos em Espanha”.
Na declaração pública a que a Lusa teve acesso, a Gestifute refere que, no passado mês de março, os servidores informáticos de várias empresas ligadas ao mundo do desporto foram vítimas de um ataque informático em vários países europeus, nomeadamente em Espanha, e que, em consequência, diversas empresas apresentaram queixa perante os tribunais espanhóis, tendo por estes sido decretada a proibição de publicar em território espanhol qualquer notícia sobre o assunto, por ter sido obtida de forma ilícita, estando a investigação sujeita a segredo de justiça.
“Mais de oito meses após a ocorrência do referido delito, recebeu a Gestifute nas últimas semanas, bem como os seus clientes, assessores e várias entidades relacionadas com a atividade da Gestifute, um extenso questionário por parte de alguns meios de comunicação que reconhecem trabalhar de forma concertada no âmbito de um consórcio europeu”, pode ler-se na declaração pública da empresa de Jorge Mendes, para a qual “o tom empregue nos referidos questionários é insidioso, desrespeitoso, ameaçador e distante da mais elementar boa prática jornalística”.
A Gestifute denuncia ainda o aparecimento de “um outro jornal que, não integrando inicialmente o dito consórcio, se assumiu como cúmplice do referido consórcio para tentar atacar os interesses da empresa e dos seus clientes, procurando desta forma evitar as responsabilidades legais na difusão de informação manipulada, falseada, tendenciosa e furtada”.
Segundo a Gestifute, o referido jornal, que não identifica, acusa, direta ou indiretamente, a Gestifute, os seus clientes e assessores de “terem montado, organizado ou concebido uma estrutura orientada para a evasão fiscal através de paraísos fiscais, sendo as insinuações e acusações mais graves constantes da multitude de e-mails recebidos dirigidos às pessoas de José Mourinho e Cristiano Ronaldo, sobre quem foram hoje publicadas notícias que insinuam um comportamento reprovável e colocam em causa o seu bom nome”.
“As autoridades fiscais europeias têm critérios diferentes em matéria de direitos de imagem e os clientes estrangeiros veem-se com frequência afetados por essas diferenças, que respeitam e cumprem. Em todos os casos em que se verificaram divergências com as autoridades sobre os critérios fiscais a aplicar, as mesmas foram resolvidas por acordo, sem necessidade de recurso aos tribunais”, refere a Gestifute, cujo objetivo da empresa é o de “prestar o melhor aconselhamento possível aos seus clientes, no respeito da legislação vigente em cada país”.
A concluir, assegura que irá utilizar a via judicial a qualquer insinuação, acusação pública ou publicação relativa a ações supostamente ilegais, em defesa própria e dos seus clientes.
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