Não é comum que uma vitória na Liga dos Campeões, com tudo o que isso acarreta a nível financeiro e desportivo, termine com assobios dos adeptos da equipa vencedora. Foi isso que se constatou, porém, quando o árbitro apitou para o final de um FC Porto-Club Brugge pouco entusiasmante.

A quatro dias de um decisivo 'clássico' ante o Benfica - que já tem cinco pontos de vantagem - o FC Porto não fez muito mais do que o mínimo para levar de vencido um Club Brugge modesto, que continua sem pontuar na prova milionária. A primeira meia hora de jogo, então, foi de total desacerto da equipa portista, com passes falhados e total ausência de imaginação para criar lances de perigo.

Ia valendo a defesa sólida do FC Porto, sem dúvida o melhor setor da equipa de Nuno Espírito Santo (e já lá vão três jogos sem sofrer golos, o melhor registo do ano para os 'dragões'). Marcano e Felipe exibiam mais uma vez o bom trabalho em conjunto com que têm brindado os adeptos e Alex Telles e Maxi Pereira tentavam carregar a equipa para o ataque a partir das laterais.

O meio-campo, porém, demorava a acertar, com Herrera a demonstrar-se como elo mais fraco e a ser mais uma vez alvo de muitos assobios dos portistas. A ligação do 'miolo' com o ataque não funcionava e só nas bolas paradas o FC Porto conseguia criar perigo. Fê-lo por duas vezes, em livres de Alex Telles, até que o golo redentor surgiu, precisamente de bola parada.

Num pontapé de canto, André Silva, o suspeito do costume, apareceu a cabecear e fez aquele que seria o golo da vitória. Não se pode dizer, no entanto, que tenha sido um golo concludente. A 'ajudinha' de Tomás Pina, que "traiu" o próprio guarda-redes, foi determinante, mas foi o nome de André Silva que ficou registado no marcador. Foi o segundo golo consecutivo do dianteiro na Liga dos Campeões, diante do mesmo adversário.

Ao longo do segundo tempo, os 'dragões' acabaram por conseguir segurar a preciosa vantagem mínima, mas não se livraram de alguns sustos, muito por culpa própria. Perdas de bola originavam lances de perigo no contra-ataque e o exemplo mais claro disso mesmo foi quando Danilo Pereira perdeu a bola e permitiu a Izquierdo ficar em boa posição para rematar, mas falhou claramente a baliza de Casillas.

Numa partida em que também ficou uma grande penalidade por marcar a favor do Club Brugge, por toque com o braço de Óliver Torres, a equipa de Nuno Espírito Santo acabou por levar para casa os três pontos e aproximar-se do grande objetivo, os oitavos-de-final. Venceu, sim, mas não convenceu, e para derrubar o tricampeão Benfica no domingo precisará quase certamente de (muito) mais futebol.

O momento do jogo:

O golo de André Silva. Foi marcado a meias com Tomás Pina, é verdade, mas os golos assim valem o mesmo que os outros. Teve o mérito de estar no sítio certo, como é hábito, e somou mais um golo para a coleção num arranque de temporada de sonho com o 'dragão' ao peito.

Os melhores:

Marcano: O defesa espanhol, que passou os seus primeiros tempos no Dragão como uma espécie de 'patinho feio', é cada vez mais motivo de elogios unânimes entre a massa adepta portista. Mais uma vez, esteve quase perfeito na abordagem aos lances a nível defensivo e, juntamente com Felipe, fez tudo para tranquilizar Casillas.

Alex Telles: Criou grande perigo nos lances de bola parada e acabou mesmo por assistir André Silva para o golo do triunfo portista. Além disso, foi sempre assertivo nos arranques pelo flanco esquerdo, além de não ter comprometido a nível defensivo.

Os piores:

Héctor Herrera: Já é hábito há demasiado tempo. O médio mexicano continua a desiludir os adeptos portistas e é para ele que se dirigem grande parte dos assobios. Foi mais uma vez colocado sobre o lado direito do meio-campo e mais uma vez não conseguiu ajudar a criar lances de perigo a partir dessa zona.

Diogo Jota: Habituou mal os adeptos portistas com o 'hat-trick' frente ao Nacional e, talvez em parte por razões táticas, passou muito ao lado da partida diante do Club Brugge. Acabou por ser substituído por Corona e a equipa ganhou muito em termos de criatividade e imprevisibilidade.

As reações:

Nuno Espírito Santo: "Faltou matar o jogo"
Adjunto do Club Brugge: "Na segunda parte mostrámos que somos uma boa equipa"
Casillas já pensa no clássico: "Vitória dá moral e 'ganas'"
André Silva: "Por vezes é preciso saber sofrer"
Maxi Pereira: "O objetivo era ganhar e cumprimos"
Danilo: "O importante é ganhar"