Quando muitos adeptos portistas já se começavam a conformar com novo resultado negativo na Liga dos Campeões, Nuno Espírito Santo olhou para o banco e agitou a partida. As entradas de Corona e Brahimi, após uma hora de jogo, foram o momento chave que acabou por transfigurar a equipa portista. O triunfo chegou nos momentos finais e o FC Porto está lançado para a luta pelo apuramento para os oitavos-de-final.

Até esse momento, a tática escolhida por Nuno para este duelo de Bruges não estava a dar resultado. Sem extremos, os movimentos ofensivos partiam invariavelmente do 'miolo', tendo como destino a dupla André Silva/Diogo Jota no ataque. A equipa do Club Brugge, no entanto, estava bem preparada para isto, com muita gente atrás da linha da bola em zonas interiores. Os ataques portistas estavam contidos, restando à formação de Preud'Homme criar perigo nos contra-ataques, em particular nas costas dos laterais.

E assim o Club Brugge ia evitando que o FC Porto transformasse o favoritismo em domínio, tendo mesmo chegado a uma surpreendente vantagem logo aos 12 minutos, por Jelle Vossen. O FC Porto tentou reagir, mas faltavam as ideias e a largura de jogo necessárias para ultrapassar a barreira belga.

Por volta dos 60 minutos, no entanto, Nuno percebeu que assim não ia lá e fez algo pouco comum nesta fase do jogo. Usou duas das três substituições a que tinha direito e lançou dois dos jogadores mais criativos do plantel portista: Corona e Brahimi. E a partir daí tudo o que se havia visto até então foi esquecido. De um momento para o outro, e também beneficiando do efeito-surpresa criado pela súbita mudança para o 4-3-3, os 'dragões' ficaram por cima na partida e criaram situações de perigo suficientes para virar o resultado.

E eventualmente, foi isso mesmo que aconteceu, embora tenha tardado. Layún empatou a partida com um grande remate na sequência de um bom trabalho com Otávio. Já nos 'descontos', Corona foi travado na grande área do Club Brugge e André Silva foi frio o suficiente para dar a vitória ao clube que o formou e que o está a lançar para a ribalta do futebol europeu. Três pontos assegurados ao cair do pano e uma luta relançada.

O momento do jogo:

As entradas de Brahimi e Corona. A mudança alterou por completo o sistema de jogo do FC Porto. Além de os dois jogadores terem trazido qualidade técnica muito bem-vinda, a utilização dos dois extremos permitiu 'arrastar' as marcações dos laterais do Club Brugge e criar espaços na defesa da equipa belga. O futebol mais alargado beneficiou, e de que maneira, o FC Porto.


Os melhores:

Jesús Corona: Tal como Brahimi, que também merece nota de destaque, 'Tecatito' entrou da melhor forma e deu ao FC Porto a velocidade que faltava. Acabou ainda por ser decisivo ao sofrer a falta que originou o penálti vitorioso de André Silva.

André Silva: Verdade seja dita, acaba por conquistar a nota de destaque por exclusão de partes. O jovem avançado não esteve propriamente em foco ao longo da partida, mas isso deveu-se mais à falta de bom apoio dos colegas de equipa do que ao seu demérito. Tornou-se no herói da partida ao converter de forma eficaz o penálti em tempo de compensação, dando uma demonstração de frieza à ponta-de-lança.

Os piores:

Diogo Jota: Foi uma sombra do jogador que conseguiu um fantástico 'hat-trick' na Madeira, diante do Nacional. Desta vez, Jota não conseguiu aparecer na partida, quer a nível de criação de oportunidades quer na finalização. Foi substituído aos 60', sem grande surpresa.

Óliver Torres: Não soube levar para o relvado de Bruges os passes de perigo que o caracterizam, tendo ao invés demonstrado um futebol muito menos ponderado do que o habitual. Esteve longe do seu melhor e isso acabou por ter influência no número reduzido de oportunidades claras dos 'dragões' até às entradas dos extremos.

As reações:

Nuno Espírito Santo: "Vitória totalmente justa"

André Silva: "Muito feliz pelo golo, mas mais pela vitória"
Iker Casillas: "Nos jogos importantes tem sido difícil arrancar"

Layún: "Sofremos por um erro meu, mas estivemos bem na segunda parte"