A qualificação para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões à quinta jornada da fase de grupos estava nas mãos do FC Porto, mas os pés não quiseram nada com ela. Só a ineficácia dos ‘dragões’, já um problema recorrente, fez com que a decisão se adiasse para a última partida. O problema, além disso, é que o primeiro lugar ficou desde já inalcançável depois de um jogo que a equipa de Nuno Espírito Santo tinha tudo para vencer.

Não se pense, no entanto, que o Copenhaga era pêra doce. Longe disso. A equipa dinamarquesa voltou a demonstrar a solidez defensiva que tem exibido no seu reduto. Recorrendo à simplicidade dos números, sim - houve alturas em que pelo menos sete jogadores assumiam funções puramente defensivas - mas também a uma boa organização no setor recuado, causando ainda o ocasional calafrio em contra-ataques.

Ainda assim, foi uma oportunidade perdida para o FC Porto, já que os ‘dragões’ demonstraram-se superiores em termos de qualidade individual, em particular no segundo tempo, e só faltou mesmo o golo para coroar essa superioridade. O golo que também faltou aos homens de Nuno Espírito Santo em Chaves e que, aliás, falta demasiadas vezes para o número de ocasiões que a equipa cria. Um problema que, embora tenha nascido na atual temporada, parece já ter barbas face à frequência com que se discute.

Mas vamos ao jogo. Primeiro tempo em Copenhaga e desde logo uma constatação: o relvado estava escorregadio, muito escorregadio, e merecerá certamente reparos da UEFA. As condições do terreno surpreenderam desde logo a equipa portista, que demorou muito a entrar na partida. A formação da casa parecia mais preparada para esse fator, ou não fosse a formação da casa, e com recurso a um futebol direto assustou por algumas vezes Casillas e companhia durante a primeira metade do encontro.

Ankersen ameaçou em duas ocasiões, obrigando Casillas a uma defesa apertada na segunda, mas foi Johansson o protagonista do momento mais perigoso da primeira parte. Já perto do intervalo, apareceu a cabecear após cruzamento de Toutouh e falhou por muito pouco a baliza do guardião espanhol. Antes disso, poucas oportunidades havia registado o FC Porto, com um remate cruzado - e falhado - de André Silva a ser uma das poucas notas dignas de registo nos primeiros 45 minutos.

Ao intervalo, porém, Nuno Espírito Santo puxou certamente pela equipa e esta reagiu bem, entrando na segunda parte com o espírito dominador que até então faltara. Logo no arranque, Corona rematou, Maxi Pereira tentou a recarga e a bola sobrou para André Silva, que teve nos pés uma oportunidade de ouro para abrir o marcador. Aliás, duas oportunidades de ouro consecutivas. Em ambas a bola teimou em entrar, com o guarda-redes Olsen a ser uma barreira eficaz.

Com Corona como elemento mais desequilibrador, os ‘dragões’ impunham então uma pressão notável e alternava os remates de meia distância com as tentativas de incursão na grande área dos dinamarqueses. Só que a bola não parecia querer nada com a baliza. Já perto do final, jogadores como Diogo Jota e André Silva tiveram ocasiões para por fim inaugurar o marcador, sem qualquer efeito.

O empate adiou para a última jornada um eventual apuramento portista, mas há que referir que não foi um resultado negativo em termos das aspirações de chegar aos “oitavos”, visto a equipa portista ter conseguido manter o Copenhaga com menos dois pontos na classificação. Mas sabe a pouco para os portistas, tendo em conta o que se viu na Dinamarca e ainda tendo em conta que o primeiro lugar do grupo, assegurado pelo Leicester, é agora apenas uma miragem.

O momento do jogo:

André Silva com o golo nos pés: Corria o minuto 56 quando André Silva teve duas ocasiões consecutivas para finalizar e inaugurar por fim o marcador com um golo que seria merecido tendo em conta o momento que os ‘dragões’ atravessavam. Olsen, porém, travou as tentativas do ’10’ portista, que voltaria a ficar em branco.

Os melhores:

Jesús Corona: Foi o melhor elemento dos ‘dragões’ no transporte de bola, fazendo da ala direita a zona mais produtiva em diversas ocasiões. Pecou nos cruzamentos, mas deixou o encontro com sinal muito positivo neste regresso à equipa inicial depois da ausência em Chaves.

Robin Olsen: Se a ineficácia portista influenciou sobremaneira o desfecho final da partida, o guardião do Copenhaga teve papel decisivo na questão. Foi um muro intransponível para os ‘dragões’, destacando-se em particular as defesas a remates de André Silva.

As reações:

Nuno Espírito Santo: "As coisas boas vão acontecer"
Casillas: "Controlámos o jogo, especialmente na segunda parte"
André Silva: "Merecíamos ganhar, criámos muitas ocasiões"

Maxi Pereira: "Estamos a jogar bem"