26 de maio de 2004. O dia em que a cidade de Gelsenkirchen, nome complicado de se pronunciar, entrou no vocabulário dos adeptos do FC Porto. Nesse dia, os 'dragões', comandos por um jovem e astuto José Mourinho, vencia a Liga dos Campeões, numa final onde derrotou os franceses do Mónaco por 3-0, perante 61673 Espetadores. Uma final atípica, com um dois clubes que estavam longe de ser apontados com possíveis vencedores da prova, quando esta arrancou em setembro de 2003.

O FC Porto que bateu o Mónaco no Arena AufSchalke era uma equipa que sabia o que fazer em campo. Uma equipa à imagem de José Mourinho, montado pelo técnico mais consagrado do futebol português. Na época anterior, os azuis-e-brancos tinham surpreendido a Europa ao conquistar a última edição da Taça UEFA (a prova passaria a chamar-se Liga Europa).

O grito do 'Feijão' a classe dos mágicos e o céu azul-e-branco

Na equipa que venceu a 'Champions' em 2004, respirava-se azul-e-branco. Era uma equipa com ADN Porto: jogadores formados no clube e outros resgatados de outros emblemas mas que tinham a garra da formação nortenha. No onze haviam nove portugueses e dois brasileiros.

O azul-e-branco começou a tomar conta do agora Veltins-Arena quando Carlos Alberto, conhecido por 'Feijão' no balneário da equipa, colocou o FC Porto na frente aos 39 minutos.

Minutos antes, Vítor Baía tinha negado o golo ao rapidíssimo Ludovic Giuly (saiu lesionado aos 23 minutos).

No segundo tempo, veio o contra-ataque mortífero do FC Porto e a magia dos magos Deco e Alenichev. Aquele que os adeptos azuis-e-brancos diziam ser melhor que o Pelé (em cântico), fez o 2-0 aos 71, num remate colocado, após passe de Dmitri Alenichev. O russo combinou com Derlei aos 76 e fez o 3-0, dando uma 'machadada' final nas aspirações francesas.

Numa final entre dois jovens técnicos, o português José Mourinho levava a melhor sobre o francês Didier Deschamps.

Caminhada triunfal: um 'tubarão' e vários 'outsiders' pelo caminho

Para chegar a final, o FC Porto começou por ser segundo no seu grupo, com 11 pontos, menos três que o Real Madrid, mas à frente do Marselha de Drogba e do Partizan. Nos oitavos-de-final, os azuis-e-brancos afastaram o Manchester United, com Costinha a marcar o golo do apuramento em Old Trafford perto do final (empate 1-1), depois da vitória por 2-1 no Dragão.

Seguiu-se o Lyon, afastado com uma vitória (2-0 em casa) e um empate (2-2), e o Deportivo de Jorge Andrade, com empate 0-0 no Dragão e 1-0 nos Balaídos, golo de Derlei, de grande penalidade. Esta eliminatória ficou marcada pela expulsão do central português dos espanhóis, num lance com o amigo Deco. O mágico aproveitou uma brincadeira do seu colega de seleção, o árbitro foi na 'cantiga' e mostrou vermelho a Jorge Andrade.

No total, o FC Porto realizou 13 jogos, venceu sete, empatou cinco e perdeu apenas por uma vez, na fase de grupos. Marcou 20 golos.

O Deportivo da Corunha tinha acabado de eliminar o AC Milan com uma goleada por 4-0 nos Balaídos, depois de ter perdido por 4-1 fora. Na ronda anterior o emblema espanhol afastara a Juventus.

Na caminhada até a final, o Mónaco afastou o Lokomotiv Moscovo, o Real Madrid e o Chelsea.

Baía, Ricardo Carvalho e Deco, os melhores

No final, Deco foi eleito Melhor Jogador da prova, Vítor Baía o Melhor Guarda-redes e Ricardo Carvalho o Melhro Defesa. Mourinho saiu pela porta grande e foi dominar Inglaterra, com a alcunha de 'Special One', no Chelsea.

Final da Liga dos Campeões 2004: FC Porto vs Mónaco
Final da Liga dos Campeões 2004: FC Porto vs Mónaco créditos: Twitter do FC Porto

Este foi um feito fantástico para o FC Porto e para o futebol português. Desde que a prova mudou de formato em 1992/1993 e passou a admitir, além dos campeões, os principais emblemas dos maiores campeonatos europeus, esta foi a segunda vez que uma formação fora dos 'big five' (Inglaterra, Alemanha, Espanha, Itália e França) levantou na 'orelhuda'. A primeira tinha sido conseguida pelo Ajax de Van Gaal logo em 1994/1995.

Um feito fantástico, muito difícil de repetir nos dias de hoje, dadas as diferenças de orçamentos entre os principais clubes portugueses e os 'tubarões' europeus.

Em 2004, os candidatos eram mais dos que muitos e quase ninguém apostaria as suas fichas em FC Porto ou Mónaco. Havia os Galáticos do Real Madrid, os Invencíveis do Arsenal, o AC Milan, que iria defender o troféu e nomes fortes como Bayern Munique, Inter Milão, Juventus ou Manchester United, de Alex Ferguson.

O Onze do FC Porto na final: Vítor Baía; Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho, Jorge Costa e Nuno Valente; Costinha, Pedro Mendes, Maniche e Deco; Carlos Alberto e Derlei.
Jogaram ainda: Pedro Emanuel, Alenichev e Benni McCarthy.

*Artigo corrigido e atualizado. O Ajax foi o primeiro clube fora de Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França a vencer a Liga dos Campeões no seu atual formato. 

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