Um Real Madrid-Barcelona é um dos maiores clássicos do futebol mundial e nos dias que correm a sua universalidade parece ser ainda maior muito graças aos dois treinadores que orientam os conjuntos espanhóis.

De um lado, o português José Mourinho, melhor treinador do Mundo, adorado por muitos, detestado por outros tantos, mas inquestionavelmente o “mister” que nos últimos anos mais troféus arrecadou no futebol europeu.

Do outro, o “gentleman” Guardiola. Mais discreto e menos aguçado nas palavras, Pep respira Barcelona. É a cara da hegemonia blaugrana nos últimos anos em Espanha e o mentor do futebol mais vistoso da Europa, o famoso “tiqui-taca”.

A história de confrontos entre catalães e merengues leva já décadas de páginas, mas a dos confrontos entre o técnico português e espanhol é bem mais recente e conhece esta quarta-feira o seu oitavo episódio, com os três últimos a terem sido jogados já nesta época de 2010/2011.

Na sua primeira época ao serviço do Inter, Mourinho deparou-se com o Barcelona de Guardiola nos oitavos da Champions e depois do empate a zero em San Siro, a derrota em Camp Nou por 2-0 deixou os nerazzurri pelo caminho.

Mas foi já o ano passado o embate que levanta ainda mais emoções, ou não tivesse sido esse o passo decisivo para o Inter de Milão de Mourinho voltar às grandes conquistas na Europa.

Na época passada, o Inter recebeu e venceu na primeira mão da meia-final da Champions o super Barcelona por 3-1. Sneijder, Maicon e Milito marcaram para os nerazzurri, depois de Pedro ter aberto o placard.

A vitória espantou a Europa e muitos questionaram se seria Mourinho capaz de estancar o futebol avassalador do Barça em Camp Nou. A resposta chegou uma semana depois: após 84 minutos de grandes dificuldades para entrar na área dos italianos, o Barça lá conseguiu furar a muralha, mas era já demasiado tarde para os espanhóis poderem levantar o bilhete para a final no Santiago Bernabéu.

O recinto da final, que como é sabido Mourinho venceu, seria a sua próxima casa. O Real era o maior desafio da carreira do português e se o primeiro round foi favorável ao “Special One”, a vingança de Guardiola foi avassaladora: na primeira volta da Liga, já esta época, o Barça de Guadiola esmagou como nunca uma equipa de Mourinho ao vencer por 5 golos sem resposta um Real Madrid desfeito.

Mourinho reconheceria a evidente superioridade blaugrana, trabalharia para a combater e a sorte acabaria por ditar, já recentemente, que em 18 dias os dois maiores emblemas de Espanha se defrontariam por quatro vezes.

A primeira, em jogo da segunda volta do campeonato, acabou com um empate a um golo, com Messi e Ronaldo a marcarem e a ficar no ar a sensação de que ambos os conjuntos estavam mais interessados em não perder para não desmoralizarem para o que havia de vir.

E o próximo confronto chegou poucos dias depois com a final da Taça do Rei. Neste cenário era já impossível o “pacto de não agressão” e foi mais forte o Real Madrid de Mourinho, que voltou a travar a máquina blaugrana e “meteu ao bolso” o primeiro título em Espanha. Cristiano Ronaldo, no prolongamento, decidiu.

No total, sete jogos entre Mourinho e Guardiola: duas vitórias para o português, três para o espanhol e um empate. Desequilíbrio só no facto de as vitórias de Mourinho terem valido troféus: o sucesso pelo Inter escancarou as portas da Champions do ano passado e a de há poucos dias valeu uma Taça do Rei que o Real já não vencia há 18 anos.

Esta quarta-feira, a partir das 19h45, os dois técnicos voltam a bater-se pela final da Champions e, como disse Johan Cruijff, a decidir quem detém a «hegemonia do futebol espanhol».