O ex-futebolista António Pacheco lembrou à agência Lusa que o Benfica perdeu a última final da Taça dos Campeões contra uma “super equipa” e disse acreditar que, acabando as “guerras” no futebol português, é possível repetir 1989/90.

“Lembro-me bem da final, praticamente de tudo. São jogos que ficam sempre na nossa memória, pela grande responsabilidade, pela grande tensão”, afirmou Pacheco, titular na derrota por 1-0 face ao AC Milan, em Viena, em 23 de maio de 1990.

O médio holandês Frank Rijkaard selou, aos 67 minutos, o triunfo do AC Milan, uma “equipa muito poderosa, muito difícil de bater e que, quando se apanhava à frente do marcador, dificilmente permitiria que alguém desse a volta”.

“Fizemos a nossa parte, mas apanhámos pela frente uma equipa com uma valia superior à nossa. Fizemos o que nos foi permitido, era difícil fazer mais”, reconheceu Pacheco, adiantando que “não foi um grande jogo de futebol”.

Então com 23 anos, o extremo também elogiou a formação ‘encarnada’: “Nós também tínhamos uma excelente equipa e eliminámos outra equipa ‘super’ poderosa, o Marselha, que era brutal e poderia ter dado mais réplica do que o Benfica”.

“Considero-me um felizardo, pois estive em duas equipas que estiveram em duas finais da Taça dos Campeões. O Benfica tinha excelentes equipas nessa altura e grandes treinadores, como o Toni e o Eriksson”, frisou Pacheco.

O algarvio também foi titular dois anos antes, no desaire frente ao PSV Eindhoven, esse no desempate por penáltis, após 120 minutos sem golos: “Costumo dizer que perdi duas finais e só sofremos um golo... Não conseguimos marcar nenhum em dois jogos”.

“Na primeira final, apanhámos um PSV recheado de grandes valores, e, num jogo muito tático, perdemos por um penálti. Contra o AC Milan, a equipa mais forte da Europa, era muito difícil criar oportunidades. Se tivéssemos chegado aos penáltis, até podíamos ter sido felizes, mas há que ser realista”, explicou.

Pacheco, agora com 53 anos, lembra que, então, o Benfica tinha “80% de portugueses, mais suecos e brasileiros, e já não podia competir a nível financeiro com os principais clubes estrangeiros pela contratação das grandes ‘vedetas’ do futebol”.

Agora, 30 anos depois, o desnível entre o Benfica e os ‘gigantes’ da Europa ainda é maior no que respeita à capacidade financeira: “Se é possível voltar a uma final? Possível é, mas é difícil. É um caminho longo, até porque num período de 10 ou 11 anos [1994 a 2005] não existiu o ‘grande’ Benfica”.

“Foi preciso reconstruir e o caminho está a ser feito. As duas finais da Liga Europa e uma recente presença nos ‘quartos’ [eliminação com o Bayern, em 2015/16] dão boas indicações. Quando aparecem os ‘colossos’, fica mais difícil, mas em 90 ou 180 minutos é possível”, afirmou Pacheco.

Segundo o ex-jogador do Benfica, que representou entre 1987/88 e 1992/93, antes de rumar, com controvérsia, ao Sporting, “há que acreditar”, até porque as equipas portuguesas “têm andado próximo” e vão conseguindo “alguns milagres”.

“Temos capacidade, jogadores, treinadores e diretores melhores. Acredito que na década de 20/30, os clubes portugueses poderão ser mais competitivos - como a nossa seleção, que é uma das melhores do Mundo -, assim acabem as guerras a dois, que não beneficiam ninguém e tiram o foco. Já era tempo”, frisou à Lusa.

Há 30 anos, em 23 de maio de 1990, em Viena, o Benfica disputou pela sétima e última vez a final na Taça dos Campeões, sofrendo o quinto desaire consecutivo, depois dos títulos em 1960/61 e 61/62, ao perder por 1-0 com o AC Milan, que revalidou o título, depois do 4-0 ao Steaua Bucareste em 1988/89.

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