A última vez do Benfica nos quartos de final da Liga dos Campeões
Estávamos no dia 28 de março de 2006. Lisboa era uma cidade calma quando o ponteiro do relógio se encaminhava vagarosamente para as 19h45. Não por ser feriado. Era sim dia de jogo grande e de romaria até ao Estádio da Luz.
Cerca de 60 mil pessoas tinham antecipadamente comprado os ingressos, tal o burburinho existente em torno do jogo. As restantes, excluídas do ambiente festivo pelas mais diversas razões, procuravam cafés, restaurantes, os rádios dos seus carros ou ainda o conforto do sofá de suas casas. Era dia de Benfica – Barcelona, dia de jogo dos quartos de final da Liga dos Campeões.
O duelo improvável entre Ricardo Rocha e Ronaldinho
Messi era um "projeto" de jogador e Guardiola passeava-se pelos relvados do campeonato mexicano de futebol. Neste ano brilhavam Ronaldinho Gaúcho no campo, melhor jogador do Mundo de 2005, e Frank Rikjaard no banco.
Do lado do Benfica, o treinador era o holandês Ronald Koeman que havia decidido adaptar um central a lateral para tentar travar o "dentuça" dos catalães. Ricardo Rocha foi o escolhido. Jogador de barba rija e que costumava cortar o mal pela raiz.
Um jogo daqueles que não se esquece, como reconhece o agora defesa do Portsmouth e, neste caso, pelas melhores razões.
Quando as pessoas presentes no Estádio o viram entrar no terreno de jogo e dirigir-se para o lado direito do campo para marcar o brasileiro levaram as mãos à cabeça. O próprio jogador percebeu o gesto na hora, como relembrou ao SAPO Desporto.
«Quando os adeptos souberam que era eu que ia jogar no lado direito da defesa contra o Ronaldinho disseram que passado cinco minutos estaria cá fora com um cartão vermelho».
Decidido como era o seu hábito, o jogador preferiu responder dentro de campo às dúvidas dos adeptos e às certezas do treinador: «A verdade e a realidade é que eu acabei o jogo sem fazer uma falta sobre ele. Quis mostrar a toda a gente a minha qualidade. Foi fantástico. Fizemos um grande jogo em casa e empatámos 0-0».
Os aplausos na bancada aprovaram a exibição do jogador, mas o maior reconhecimento veio de dentro do campo.
«Ronaldinho acabou por me dar os parabéns no fim por eu ter sido leal e ter jogado limpo. Ele estava receoso da marcação que iria ter, mas eu apenas joguei aquilo que sabia e tentei não lhe dar espaço»
O regresso às adaptações e aos quartos de final da Liga dos Campeões
Seis anos volvidos, o Benfica está de novo nos quartos de final, sendo o Chelsea o adversário, e o seu treinador vê-se obrigado a fazer, pelo menos, uma adaptação. Javi Garcia deixa o meio-campo e desce até ao centro da defesa. Resta saber se terá a companhia de Luisão.
Jorge Jesus espera que, da mesma forma que Ricardo Rocha pôs Ronaldinho no “bolso” da última vez que o Benfica esteve nos quartos de final da Liga dos Campeões, Javi Garcia possa “secar” Fernando Torres ou Drogba no ataque dos ingleses.
O jogo Chelsea – Benfica tem início marcado para as 19h45 desta quarta-feira e terá transmissão televisiva na RTP.
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