Foi com uma das melhores exibições da temporada em termos de competência nos vários momentos do jogo que o FC Porto se superiorizou ao Midtjylland, ganhando fôlego na luta pela qualificação para a próxima fase da Liga Europa.
No final da partida, Eustaquio foi a voz do grupo e disse o que todos os que assistem ao jogo ficam a pensar: "não quero tirar o mérito à malta, mas penso que podíamos ter feito mais". De facto, apesar da competência no controlo do jogo durante a maior parte do tempo, ficou a faltar a chamada "nota artística", individual e coletiva.
Os dragões estão em crescimento e a corrigir erros de uns jogos para os outros, mas perante um adversário de nível bastante inferior, pede-se mais um bocadinho à equipa de Vítor Bruno, que em boa verdade tem sido obrigada a crescer no meio do furacão.
O jogo explicado: Controlo total quase descambava no fim
O FC Porto que se apresentou hoje no Estádio do Dragão foi diferente logo à partida, com o treinador a optar por deixar Francisco Moura no banco, recuando Galeno para ganhar mais fulgor ofensivo pela esquerda. Depois, para resolver a ausência de Nico González (um dos melhores da equipa esta época), devolveu Alan Varela ao seu legítimo lugar e promoveu a entrada de Danny Namaso para compor a banda.
A entrada no jogo foi agressiva, com uma vertiginosa apetência pela baliza dinamarquesa. Logo nos primeiros minutos Fábio Vieira esteve por trás de duas boas tentativas e quando o adversário estava organizado foi notória a capacidade para ter posse de bola de qualidade.
A estratégia começou a dar resultados aos 29 minutos, quando Eustaquio surgiu em posição de cruzamento e encontrou Danny Namaso na área. O inglês respondeu com um belo cabeceamento, que ainda desviou num defesa adversário, traindo o guarda-redes dinamarquês.
Em vantagem a confiança foi crescendo e o FC Porto conseguiu impor-se tranquilamente ao Midtjylland, sendo que Diogo Costa pouco trabalho teve no resto dos primeiros 45 minutos.
O intervalo pouco ou nada trouxe de novo, pois os dragões mantiveram a estratégia inicial, que estava a dar resultados e a criar muitos problemas ao emblema dinamarquês. Com o fantasma dos recentes desaires a não deixar o ambiente ficar menos tenso, Samu fez questão de trazer a tranquilidade ao seu estilo.
Fábio Vieira teve um momento genial numa jogada que, aparentemente, era inofensiva, e depois lançou Pepê com um grande passe. O camisola 11 atacou a baliza e depois deixou com precisão para um desvio do internacional espanhol, à passagem do minuto 56.
Como se costuma dizer no 'futebolês', "o 2-0 é o resultado mais perigoso" e Vítor Bruno só se sentiu confortável a mexer no jogo aos 70 minutos. Primeiro entrou Iván Jaime, numa fase posterior Gonçalo Borges e Vasco Sousa e nos minutos finais Rodrigo Mora.
A equipa não sentiu as mudanças na primeira fase, conseguindo manter o controlo do jogo, mas nos minutos finais foi sufocada por investidas atacantes do Midtjylland, enquanto proporcionava o seu próprio festival do desperdício, e chegou mesmo a sofrer o 2-1.
Os dinamarqueses começaram a fazer uso da sua elevada estatura média e a ordem passou por cruzar o máximo de vezes para a área. Numa confusão criada por essa estratégia, já em tempo de descontos, Buksa ainda introduziu a bola na baliza mas o golo acabou anulado por fora de jogo, para alívio dos portistas.
O FC Porto passou mais um teste importante para continuar ativo em (quase) todas as frentes - à exceção da Taça de Portugal - e ganhou fôlego na classificação da Liga Europa. A tenra idade do plantel tem sido um dos desafios mais complicados de ultrapassar para Vítor Bruno, mas com o passar dos meses a (lenta evolução) vai fazendo sentir-se e os dragões querem mostrar que estão na disputa por todos os troféus.
O Momento: Golo da tranquilidade
Além dos momentos individuais que tornam este golo o lance do jogo, a importância do momento vale por si só. O FC Porto precisava desesperadamente de ganhar e este 2-0 permitiu aos adeptos presentes no Estádio do Dragão diminuir a preocupação pelo resultado e começar a disfrutar mais do jogo.
O espanhol continua de pé quente e tem feito jus ao nome da posição, sendo a ponta da lança letal dos dragões, que formou com Fábio Vieira e Pepê.
Os melhores: No meio é que está a virtude
Se há setor que funcionou bem contra o Midtjylland foi o meio-campo. O regresso de Alan Varela devolveu ao FC Porto o seu pêndulo, que é importante a tapar os caminhos das transições rápidas e não tem medo de assumir o comando do jogo.
Stephen Eustaquio, muitas vezes menosprezado, não é de facto um jogador vistoso, mas a inteligência que empresta à equipa e o voluntarismo são fundamentais para qualquer equipa jogar bem. Ainda somou uma assistência e foi o bombeiro de serviço.
Mais à frente, Fábio Vieira é a magia que faltava à equipa. Pode não ser o mais intenso, mas tem pés de veludo e quando toca na bola oferece imprevisibilidade aos dragões. Quando a máquina estiver mesmo oleada adivinha-se um caso sério neste meio-campo, onde também há ainda Nico González.
Os piores: Assim não chega para pedir mais
É verdade que também não têm usufruído de muito tempo de jogo, mas todas as oportunidades são desaproveitadas. Iván Jaime e Gonçalo Borges (entraram aos 70 e 83 minutos, respetivamente) nada acrescentaram ao jogo do FC Porto.
O espanhol parece andar contrariado nos últimos tempos e desde que perdeu a titularidade que não tem sido o mesmo jogador. Sempre lento e com pouca vontade, não tem mostrado o que o destacou no Famalicão, ficando a dúvida se é por falta de capacidade ou por insatisfação.
Já a Gonçalo Borges não falta vontade, mas há muitas lacunas no seu jogo. Dono de um virtuosismo interessante, nunca o coloca ao serviço da equipa. Decide quase sempre mal e é outro caso de um jogador que esteve em grande no início e foi perdendo gás.
Sendo estas as alternativas diretas aos alas titulares, é preciso perceber se ainda têm algo para dar ou se está na altura de mudar.
Reações ao FC Porto-Midtjylland:
Vítor Bruno, treinador do FC Porto: "Não queremos replicar a exibição de hoje, porque o objetivo é sempre melhorar"
Otávio, Eustaquio, Galeno e Samu: "Era importante ganharmos e conseguimos fazê-lo mas sinto que foi uma vitória de serviços mínimos. Não quero tirar o mérito à malta, mas penso que podíamos ter feito mais"
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