
O treinador português Ruben Amorim viveu uma primeira época agónica no Manchester United e, para piorar, sem final feliz, com o desaire face ao Tottenham (0-1) na final da Liga Europa e respetivo adeus à ‘Champions’ 2025/26.
Num percurso que se divide claramente em dois, com o fracasso interno a contrastar com a brilhante campanha europeia até à final, Amorim, que chegou ao clube em novembro de 2024, falhou todos os objetivos em 2024/25, em matéria de resultados.
O técnico luso, de 40 anos, vai, assim, partir sem nenhuma margem de manobra para a próxima temporada, isto contando que os irmãos Glazer vão manter o português no cargo.
Com o desaire face ao Tottenham na final de Bilbau, Ruben Amorim fechou da pior forma uma época que começou, para o técnico luso, em Alvalade, onde, à quinta época, colocou o Sporting a jogar a alto nível.
No tempo que permaneceu ao serviço dos ‘verde e brancos’, conseguiu 11 vitórias nas primeiras 11 jornadas da I Liga, sendo o grande responsável pelo título dos ‘leões’, e também brilhou na ‘Champions’, nomeadamente com um 4-1 ao Manchester City.
O chamamento do United era, porém, irrecusável e, em novembro, United deixou o Sporting para substituir o neerlandês Erik ten Hag no clube inglês, depois de uma transição assegurada pelo também neerlandês Ruud van Nistelrooy.
Desde o primeiro minutos, Amorim assumiu que queria implementar o seu ‘3-4-3’, o seu sistema de três centrais, com o qual a equipa não estava familiarizada e mesmo sem ter os jogadores adequados para o fazer.
Na cabeça do técnico português estava desde logo a preparação da época 2025/26, ganhar tempo para a mesma, mais do que conseguir resultados em 2024/25, mas o começou bem foi mau, com uma estreia a empatar (1-1) no reduto do Ipswich, seguido de dois triunfos.
O United venceu por 3-2 na receção aos noruegueses do Bodo/Glimt, na estreia do português na Liga Europa, e goleou por 4-0 o Everton, no primeiro jogo em Old Trafford para a Premier League, numa ‘amostra’ que prometia.
As derrotas que se seguiram, no reduto do Arsenal (0-2) e na receção ao Nottingham (2-3), mostraram, porém, que muito havia ainda por fazer, apesar de terem sido seguidas por mais duas vitórias, na casa do Viktoria Plzen (2-1) e do agora rival Manchester City (2-1), que Amorim voltou a vencer.
Quem pensou que agora seria mesmo tempo de viragem enganou-se por completo, pois 2024 fechou com quatro derrotas, a eliminação da Taça da Liga inglesa com o Tottenham, e três na Premier League, sem golo marcados, com Bournemouth, Wolverhampton e Newcastle.
O mês de janeiro foi melhor, com duas vitórias, um empate, no reduto do Liverpool, e uma derrota na Premier League, dois triunfos na Liga Europa, para selar o acesso direto aos ‘oitavos’, e o triunfo na casa do Arsenal, nos penáltis, para a FA Cup.
Os maus resultados no campeonato voltaram, porém, em fevereiro, com apenas uma vitória (3-2 ao Ipswich) em quatro jogos, salvando-se o 2-1 ao Leicester na Taça de Inglaterra, competição da qual o United, que defendia o cetro, acabou por cair nos ‘oitavos’, a abrir março, com o Fulham, nos penáltis.
A partir daí, a estratégia foi clara: prioridade total à Liga Europa e poupanças no campeonato, estratégia que acabou por resultar na perfeição, apesar de isso custar um percurso penoso, e nunca visto em Old Trafford, na Premier League.
Na Europa, o conjunto de Amorim foi, porém, muito competente, começando por eliminar, nos ‘oitavos’, a Real Sociedad, com um empata 1-1 em San Sebastián e um triunfo caseiro por 4-1, com hat-trick, incluindo dois penáltis, de Bruno Fernandes.
Os ‘quartos’ trouxeram o Lyon e uma eliminatória para a lenda, com um 2-2 em França e um memorável 5-4, após prolongamento, em Old Trafford, onde o United perdia por 4-2 aos 113 minutos, antes dos golos de Bruno Fernandes (114, de penálti), Mainoo (120) e do herói Maguire (120+1).
De volta ao País Basco, esperavam-se ainda mais dificuldades face ao Athletic, o anfitrião da final, mas o United, com a ajuda de uma expulsão nos locais, decidiu, praticamente, a eliminatória em San Mamés, com um triunfo por 3-0.
Em Inglaterra, os bascos ainda marcaram primeiro, mas o United acabou por vencer por 4-1, selando a final, na qual, hoje, não conseguiu superiorizar-se ao Tottenham, vencedor por 1-0, com um tento de Brennan Johnson, aos 42 minutos.
Por realizar, fica um jogo, que não será, certamente, de festa em Old Trafford, onde o Manchester United recebe no domingo o Aston Villa e corre o risco de ainda cair mais um lugar na tabela, para 17.º, logo à frente dos que descem. Pior era impossível.
À margem de todo este fracasso, Ruben Amorim já venceu em 2024/25 a I Liga portuguesa e ainda pode conquistar, nesse mesmo dia, a Taça de Portugal, pois esteve no primeiro encontro do percurso dos ‘leões’ (2-1 em Portimão).
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