De cidade onde se viveram sonhos à realidade de um pesadelo. Sevilha, que coroara o FC Porto na Taça UEFA em 2003 e integrara o roteiro triunfal da Liga Europa de 2011, foi esta noite madrasta para o tricampeão nacional. A goleada por 4-1 é mesmo uma das piores derrotas de sempre do FC Porto fora de casa.

O FC Porto até deu o pontapé de saída esta noite em Sevilha e esse foi o último ato digno de registo da equipa de Luís Castro nos primeiros 30 minutos. Durante esse período apenas restaram onze sombras azuis em campo, enquanto o Sevilha fazia pela vida no campo e construía uma vantagem impensável na eliminatória. 

Perante um estádio Ramón Sánchez Pizjuan com quase 40 mil pessoas ávidas por uma ‘remontada’, a formação de Unai Emery adiantou-se no marcador logo aos seis minutos, através de uma grande penalidade muito duvidosa por pretensa falta de Danilo sobre Bacca. Diante de Fabiano, o croata Rakitic não perdoou e igualou os quartos de final.

O tento sofrido afetou o FC Porto, que colecionava passes errados diante de um adversário que compensava alguma falta de clarividência com uma enorme garra e intensidade. Assim, o Sevilha cresceu ainda mais sobre um Dragão irreconhecível: sem pressão, sem marcações e sem a chama que vinha exibindo desde a entrada de Luís Castro.

Assim, Vitolo, aos 26’, e Bacca, aos 29’, elevaram a vantagem do Sevilha para 3-0, de forma tão justa quanto surpreendente. Com 30 minutos jogados o FC Porto deixara fugir o controlo da eliminatória e era punido de forma dura na Andaluzia por uma entrada horrível. Foi então que os espanhóis abrandaram o ritmo e os dragões começaram lentamente a tentarem organizar-se.

Porém, nada de significativo foi conseguido até ao intervalo, que parecia ser neste momento a melhor coisa que poderia acontecer à equipa portista. Porém, a estratégia de Luís Castro foi condicionada logo no regresso. Apesar das entradas de Quintero e Ricardo para os lugares de Varela e Carlos Eduardo, foi o técnico azul e branco a ser expulso aos 48 minutos, numa decisão que elevou a contestação azul e branca ao árbitro Gianluca Rocchi.

O jogo seguia frenético e aos 54' foi a vez de Coke ver o cartão vermelho, deixando o Sevilha com 10 jogadores. Sem treinador no banco mas com um elemento a mais, o FC Porto cresceu então no jogo, mais por inferioridade do Sevilha do que pelo seu próprio mérito. No entanto, os dragões passaram a rodear a baliza de Beto e obrigaram o guardião luso a aplicar-se para evitar o golo. A formação azul e branca corria mais, mas quase sempre mal e sem conseguir resultados.

E o que já era surpreendente tornou-se ainda mais surreal, com o Sevilha a chegar aos 4-0 aos 79’ por Kevin Gameiro, sentenciando a eliminatória. O tento de honra de Quaresma, já em tempo de descontos, apenas foi isso: o tento de honra para premiar o esforço no segundo tempo. Porém, já era demasiado tarde para fazer a diferença.

O FC Porto despede-se assim da Liga Europa nos quartos de final, tendo agora apenas pela frente a Taça de Portugal e a Taça da Liga. Já o Sevilha segue em frente e sonha com a repetição dos êxitos de 2006 e 2007.