Em batalhas praticamente perdidas, dois homens foram chamados de emergência. Não se sabia se iriam conseguir inverter os resultados menos positivos. Era tudo uma incógnita. Em Lisboa e em Londres, fevereiro e março foram meses de mudança. Ricardo Sá Pinto e Roberto Di Matteo, dois jovens ainda – o primeiro tem 39 anos o segundo 41 anos – comandam os destinos de Sporting e Chelsea. Esta semana defrontam na Europa as duas equipas favoritas à conquista da Liga Europa e da Liga dos Campeões, respetivamente, Athletic de Bilbau e Barcelona.
Até agora, ambos têm surpreendido. Foram chamados de ‘recurso’ e embora nas respetivas ligas caseiras os destinos das duas equipas já estivessem praticamente traçados, ou seja, arredados dos três primeiros lugares, têm vencido. E, ao que parece, convencido.
Ricardo Sá Pinto treinava os juniores quando Godinho Lopes lhe deu a hipótese, após o despedimento de Domingos Paciência, de comandar os seniores. O treinador tinha logo de imediato um teste europeu: os polacos do Leggia de Varsóvia. Trouxe de lá um empate a dois golos e venceu, uma semana depois, em Alvalade por 1-0. Para a Liga portuguesa, oito jogos e apenas duas derrotas, ambas fora (em Setúbal e em Barcelos). O derradeiro teste foi a 9 de abril, ante o Benfica, vencendo por 1-0 e ‘entregando’, praticamente, o título ao FC Porto.
Mas a grande surpresa veio de Inglaterra. O milionário Manchester City não conhecia a equipa leonina e viu-se afastado por um ilustre desconhecido. Depois desta eliminatória da Liga Europa, que decorreu contra todas as apostas, já deve conhecer. Bastou um calcanhar em Lisboa para o Sporting seguir para os ‘quartos’. Perdeu em Manchester, é certo, sendo a terceira derrota de Sá Pinto, mas por 3-2. O senhor que se seguiu, o Metalist, cometeu a proeza de marcar um golo em Alvalade. Até ao momento, foi mesmo aúnica equipa. Mas mesmo assim, os leões seguiram em frente. Agora vem ai a equipa basca, o 15º jogo da era Sá Pinto, e tudo pode acontecer.
Roberto di Matteo tem um percurso semelhante. Substituiu André Villas Boas, passando de adjunto a principal. Leva 12 jogos, entre Liga dos Campeões, Taça de Inglaterra e Premiership, contabilizando apenas uma derrota e dois empates. Só perdeu no terreno do Manchester United, o líder, e por 2-1. Este fim de semana até goleou para aTaça de Inglaterra, 5-1 no terreno do Tottenham e carimbou o passaporte para final de Wembley, ante o Liverpool.
Na Champions, pegou na equipa para segundo jogo com o Nápoles. Os blues tinham a difícil tarefa de dar a volta a um 3-1, resultado ainda da era André Villas-Boas. Conseguiram. Venceram por 4-1 e foram medir forças com o Benfica, tal como Jorge Jesus queria. As coisas não correram bem à equipa lusa, que no cômputo das duas mãos perdeu 2-1. O encontro agora é com o grande favorito, Barcelona, campeão europeu em título. Na era Di Matteo, já se viu, tudo pode acontecer e em casa, os Blues só sofreram quatro golos.
Os dados estão lançados para os dois treinadores de recurso a militar nas competições europeias.