De França chega-nos um momento de arbitragem que promete correr mundo. Durante o Lyon-Auxerre, que terminou empatado a duas bolas, o árbitro Jeremy Stinat assinalou uma grande penalidade para o Lyon sobre o georgiano Mikautadze, por empurrão de Mensah após um cruzamento de Fofana, após aviso do VAR. Mas, antes de ser chamado pelo VAR para rever a jogada, o juiz principal tinha dado pontapé de baliza para o Auxerre.

A decisão, muito contestada pelo Auxerre, levou o técnico do AJA a pedir a sua equipa para abandonar o relvado, em protesto. Tudo porque, quando o juiz do encontro decidiu ir rever a jogada do possível penálti, o jogo tinha sido retomado, logo, não podia voltar atrás, de acordo com o protocolo do VAR. O regulamento impede o video-árbitro de interferir num lance anterior após a bola já ter sido recolocada em jogo.

Na sequência dos protestos, foi expulso um dos adjuntos do treinador Pelissier.

Protesto entregue pelo capitão do Auxerre no jogo com o Lyon
Protesto entregue pelo capitão do Auxerre no jogo com o Lyon Protesto entregue pelo capitão do Auxerre no jogo com o Lyon

Foi nesse momento que aconteceu algo raro, mas legal em França. O capitão do Auxerre, Jubal (central brasileiro), foi ter com a equipa de arbitragem e apresentou uma 'reserva técnica', um documento assinado para impugnar uma decisão do árbitro. Este é um mecanismo de protesto legal ao dispor dos clubes da Ligue 1, e está no artigo 559 do regulamento da LFP.

"No final do jogo, o árbitro regista a 'reserva técnica'. A negligência técnica só será considerada pela comissão competente se esta considerar que afeta o resultado final", pode-se ler no artigo 559 da LFP.

"Para dar seguimento à reserva, a mesma terá de ser transformada em reclamação e enviada, no prazo de 48 horas, por carta, à sede da Liga Profissional de Futebol. A Liga Profissional de Futebol remeterá o expediente, para decisão final, à Comissão Federal dos Árbitros da Federação Francesa de Futebol. Esta última entidade ordenará a homologação do resultado ou então decide que o jogo deve ser repetido", explica o tal artigo invocado pelo Auxerre.

O mesmo foi anexado pelo árbitro ao relatório do jogo.

Devido a este momento, o árbitro deu 15 minutos de desconto no primeiro tempo.

No entanto, a análise ao protesto só poderá ser feito após o final da partida. Uma comissão técnica irá analisar o documento e, se for dada razão ao Auxerre, o penálti convertido por Mikautadze aos 45 minutos terá de revisto. Neste caso, o jogo terá de ser repetido, em data a anunciar pela Liga.

De referir que o jogo terminou 2-2, com Mikautadze a marcar os dois golos do Lyon, Diomandé e Traoré os tentos do Auxerre.