Alexander Scholz, jovem defesa do Urawa Red Diamonds, é uma das referências da equipa nipónica, mas a carreira do dinamarquês foi um tanto atípica... Há mais de dez anos, Scholz decidiu fazer uma pausa na carreira para... conhecer o mundo, tendo passado pela Islândia, Índia, Himalaia, e fez o Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha. Mas, o futebol voltou a chamar por si e, nesta terça-feira, vai enfrentar o Manchester City.

Jogar no Japão vai de encontro a um dos objetivos do jogador de 31 anos, encontrar novas experiências e culturas. Por essa mesma razão, quando estava no Midtjylland, exigiu uma cláusula ao assinar a última renovação de contrato que lhe dava permissão para sair caso uma equipa oriental o chamasse.

Scholz vai em tudo contra o estereótipo comum de um jogador de futebol, afinal o dinamarquês tem um enorme interesse por cultura, economia e história, tem uma galeria de arte na Dinamarca, usa roupas recicladas e... não vê televisão.

"Faz muitos anos desde que tive uma televisão, e provavelmente assisto a menos filmes e séries do que a maioria", desvendou Scholz, em 2021, numa entrevista ao jornal dinamarquês Herning Folkeblad.

A razão para tal é simples, o dinamarquês diz que não quer "desperdiçar tempo" em algo que não tem sentido para a sua vida. No seu tempo livre, lê. Com mais de dois mil livros em casa, este passatempo serve como um escape ao mundo do futebol.

"Eu posso facilmente ser como outros jogadores de futebol, mas como profissional, recebemos algumas inspirações esporádicas, o que é fantástico, mas também especial, porque é um mundo que se fecha em torno de si mesmo. Então, em relação aos livros, senti que conseguia aprender outra coisa. Relaxo e deixo-me inspirar quando leio", afirmou na mesma entrevista.

Que Scholz não é o comum jogador de futebol já tínhamos percebido, mas aos 17 anos, viveu um dilema: seguir a carreira de futebolista ou viver novas experiências? A segunda opção foi a escolhida, por isso, depois de se profissionalizar no Vejle, do seu país natal, deu um tempo aos treinos e à rotina do futebol e foi viajar pelo mundo.

Entre as muitas experiências, Alexander fez o Caminho de Santiago de Compostela, em Espanha. Foi para a terra dos pais, a Alemanha, onde trabalhou como operário de construção com o tio em Flensburg. Viajou para a Índia, pelas montanhas no Himalaia e terminou a aventura na Islândia, local onde o defesa decidiu voltar ao futebol, no Stjarnan, um clube semiprofissional.

"Aos 18 anos, tu nem sempre tens os pensamentos claros e, naquela época, eu estava confuso e com a mente a mudar o tempo todo. Mas sentia um desejo crescente e uma necessidade de liberdade. Necessidade de me testar noutros ambientes. Mas não foi uma decisão bem pensada parar de jogar futebol e depois viajar para a Islândia", recordou, adiantando ainda que: "Sem sorte, também teria sido uma decisão desastrosa para a minha carreira".

Mesmo após retomar a carreira, Sholz continuou a viajar e, em 2014, subiu ao ponto mais alto de África: o monte Kilimanjaro, na Tanzânia.

Depois da aventura na Islândia, foi para a Bélgica, onde jogou no Lokeren. Em 2015, transferiu-se para o Standard Liège, e em 2018 chegou ao Brugge. Depois disso, ingressou no Midtjylland, onde jogou a Liga dos Campeões, na temporada 2020/21.

Nessa época, chegou ainda a ser convocado para a seleção dinamarquesa e foi eleito o melhor jogador do campeonato dinamarquês. Após essa temporada, transferiu-se para o Urawa Red Diamonds, onde conquistou o primeiro título internacional, a Champions da Ásia em 2022/23.

"À medida que ganhei confiança e fui confirmando que podia jogar futebol, pensei no que poderia fazer da minha vida, como deveria viver. Descobri que podia combinar isso com o futebol e, para ser sincero, foi o mais fácil. Não sabia que poderia ir para a Bélgica e ter sucesso, mas percebi que poderia usar o futebol para ganhar dinheiro, viajar e fazer algo de que gostasse", confidenciou em entrevista à revista dinamarquesa 'Tipsbladet'.

No jogo desta terça-feira, Scholz vai ter a missão de marcar jogadores como Bernardo Silva ou Jack Grealish, por essa razão, para o defesa o Mundial de Clubes ultrapassa estereótipos e é uma oportunidade de encontrar diferentes abordagens no futebol.

"Para mim, isso é o que há de mais interessante neste Mundial: a combinação e o encontro de culturas. Acho que este encontro de culturas será muito interessante para todos os espetadores. Não é apenas uma equipa que tu representas, é um país, uma região. Isso é fantástico!", assumiu em entrevista à FIFA.