Passam hoje precisamente 17 anos sobre um dos jogos mais memoráveis - ainda que não necessariamente pelos melhores motivos - da história dos mundiais. E com Portugal envolvido. A 25 de junho de 2006 jogou-se aquela que ficou conhecida como a 'batalha de Nuremberga'.
Foi na Alemanha e o encontro dizia respeito aos oitavos de final. Portugal media forças com os Países Baixo e, juntos, bateram o recorde de cartões mostrados num jogo de um Mundial: ao todo, foram mostrados 20 cartões no encontro (16 amarelos e quatro vermelhos, ainda que todos eles por acumulação de amarelos). A própria FIFA faz questão de, este domingo, relembrar esse encontro.
O árbitro do encontro foi o russo Valentin Ivanov, que mostrou nove cartolinas amarelas a Portugal e sete aos Países Baixos. Costinha e Deco viram, do lado português, por duas vezes o cartão amarelo, vendo também o consequente vermelho, o mesmo sucedendo, do lado laranja, a Khalid Boulahrouz, que mais tarde viria a representar o Sporting, e Giovanni van Bronckhorst.
Para além de todos estes cartões, o duelo entre portugueses e neerlandeses ficou também marcado por várias 'pegas' entre jogadores e até entre Luiz Felipe Scolari, na altura selecionador nacional, e membros da equipa técnica da 'laranja mecânica'.
Logo nos primeiros minutos (dois e sete) do jogo, Cristiano Ronaldo, na altura com 21 anos, foi a primeira vítima do que viria a tornar-se numa 'batalha', tendo recebido duas entradas muito duras, primeiro de Mark van Bommel e depois de Khalid Boulahrouz, esta última bem merecedora de vermelho direto.
Portugal 'ripostou' por Maniche e Costinha, que foi a primeira baixa do encontro, ao ver o segundo amarelo já em cima do intervalo, por mão na bola, num lance escusado do médio.
A agressividade subiu ainda mais na segunda parte, com primeiro Petit, que tinha rendido Pauleta ao intervalo, e depois Giovanni van Bronckhorst e Figo a juntarem-se ao grupo dos 'amarelados'. O capitão da seleção nacional 'safou-se' mesmo da expulsão, já que tentou dar uma cabeçada a Mark van Bommel.
As duas equipas não baixaram 'armas' e Khalid Boulahrouz viu o segundo amarelo e consequente vermelho, por uma cotovelada a Figo. Pouco depois, Deco viu também amarelo, num lance em que devia ter sido expulso, por uma entrada em que apenas tentou atingir as pernas de Heitinga.
Os jogadores continuaram de cabeça perdida, seguindo-se Sneijder, por empurrão a Petit, Rafael van der Vaart e o guarda-redes Ricardo, por protestos, e Nuno Valente, por entrada dura.
A 10 minutos do fim, Deco, que sem necessidade segurou a bola quando a Holanda tentava reiniciar a partida, viu o segundo amarelo e foi obrigado a abandonar o jogo, deixando Portugal com menos unidade e a tentar aguentar a curta vantagem até final.
A Holanda acabou por não conseguir capitalizar a vantagem numérica e viria a também a sofrer nova expulsão, de Giovanni van Bronckhorst, já nos descontos.
Uma das imagens que marcou o final da partida foi o longo abraço, ainda no relvado, entre Deco e Giovanni van Bronckhorst, na altura colegas de equipa no FC Barcelona.
Entretanto, no último Mundial, em 2022, no Qatar, o recorde destas 'Batalha de Nuremberga' (onde o jogo decorreu) foi - de certa forma - quebrado. Num duelo em que também estiveram os Países Baixos, agora frente à Argentina.
O encontro foi para prolongamento e penáltis e nele o árbitro espanhol Mateu Lahoz teve muito trabalho. Assinalou nada mais, nada menos do que 48 faltas e 18 exibiu cartões, mas apenas um deles foi um vermelho por acumulação de amarelos. Quer isto dizer que foram exibidos 17 cartões amarelos (sendo o vermelho uma consequência de dois deles), enquanto no Portugal-Países Baixos de 2006 apenas foram mostrados 16 cartões amarelos (sendo os quatro vermelhos consequência de metade deles).
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