Vários adeptos brasileiros detentores de bilhetes vitalícios para o estádio do Maracanã estão em conflito com a cidade do Rio de Janeiro devido à cedência total do recinto à FIFA para o Mundial de futebol de 2014.

O governo brasileiro estabeleceu em 1950, ano em que o país foi pela primeira vez sede da competição da FIFA, um acordo bilateral com um grupo de adeptos brasileiros, oferecendo-lhes a possibilidade de adquirirem bilhetes vitalícios para o estádio em troca da disponibilização de fundos para ajudar a finalizar a construção das infraestruturas do Maracanã.

Estes «bilhetes perpétuos» seriam válidos para utilização em qualquer evento desportivo ou cultural, a decorrer no estádio do Rio de Janeiro, mediante de um pagamento anual de 740 reais (266 euros) por cada lugar.

Contudo, com a inclusão do Maracanã entre os 12 estádios que receberão em 2014 o Mundial de futebol, a FIFA passou a deter, até ao final da competição, o controlo total dos regulamentos dos estádios e anulou entretanto os privilégios deste grupo de adeptos, alegando que os acessos vitalícios poderiam «provocar a sobrelotação do estádio, situações de confusão e agitação nos portões de entrada e complicações para as equipas de segurança».

Jamile Thome, que detém acesso vitalício a oito lugares no estádio desde que o seu avô contribuiu para a construção do Maracanã, tem sido a principal porta-voz da indignação do grupo de adeptos e defende que a FIFA não pode «fingir» que o acordo celebrado em 1950 não existe e que «se foi escolhido um estádio com esta regra, a FIFA deve respeitá-la».

Os adeptos já apresentaram junto dos tribunais brasileiros um pedido de anulação das decisões da FIFA acerca dos privilégios dos adeptos com acesso vitalício, apoiados na lei brasileira, que impossibilita a existência de medidas retroativas.

A final do Mundial de futebol Brasil2014 está marcada para 13 de julho do próximo ano no estádio do Maracanã, que em 1950 registou um recorde mundial de assistência, contando com a presença de 173.850 adeptos na final da competição.