As seleções africanas têm que se organizar melhor para conseguir boas classificações nas fases finais dos mundiais de futebol e discutir uma das vagas nas meias-finais, observou hoje o antigo capitão dos Palancas Negras, André Macanga.
Falando à Angop sobre a prestação dos africanos no Mundial que decorre no Brasil, o ex-jogador do Alverca, FC Porto e Boavista de Portugal disse que o afastamento prematuro dos africanos na prova deveu-se à falta de uma planificação consistente e organização.
Para si, continuam a falhar na preparação, particularmente na vertente psicológica, uma vez que os futebolistas não entram concentrados na competição. “Numa prova da dimensão do Mundial os jogadores têm que entrar de cabeça limpa, pensando apenas nos jogos e não em questões extrajogos”, frisou, realçando que isto se aplica a qualquer seleção do mundo e não apenas as africanas.
Quanto à prestação individual de cada, André Macanga, hoje selecionador nacional adjunto de futebol, enalteceu a postura da Argélia, em particular nos oitavos-de-final onde perdeu com a Alemanha por 1-2 no prolongamento.
“Os argelinos deixaram boa impressão, conseguiram remeter os alemães à defensiva, mesmo com um plantel tecnicamente inferior. Esteve muito bem, embora seja altura de pensarmos em chegar mais longe no Mundial”, salientou o antigo médio defensivo.
Afirmou que a exibição dos argelinos não o surpreendeu, por se tratar de uma seleção com tradição futebolística a nível do continente. “Argélia, assim como outros países do norte de África, sempre foi uma potência, passou por um período de reestruturação, mas parece já ter superado”, acrescentou.
Sobre a Nigéria, que também se qualificou para fase seguinte, disse que mostrou bom futebol, mas pagou caro os problemas vividos na preparação.
Salientou que o Gana teve o “azar” de calhar num grupo muito forte, com Portugal, Alemanha, Estados Unidos e que mesmo com bom futebol não conseguiu se qualificar. Por outro lado, a instabilidade psicológica também influenciou no rendimento das Estrelas Negras.
Considerou as seleções de Camarões e Costa do Marfim as grandes desilusões. "Possuíam plantéis para fazer melhor", realçou.
André Macanga, que encerrou a carreira no Koweit depois de ter passado também pelo Qatar, aponta o Brasil (por jogar em casa e estar acompanhado da sorte), Holanda (por ter conjunto muito coeso), França (por efetuar renovação com jogadores de muita qualidade) e Alemanha (pelo plantel) como os principais candidatos à conquista do troféu.
África contou com cinco representantes no Mundial de 2014 (Nigéria, Argélia, Gana, Costa do Marfim e Camarões) e apenas duas seleções transitaram para os oitavos-de-final (argelinos e nigerianos). Foram afastadas nesta fase pela Alemanha e França, após derrotas por 1-2 e 0-2, respetivamente.
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