A construção dos oito Estádios que vão acolher as partidas do Campeonato do Mundo de 2022 no Qatar ficou marcada pela polémica e várias críticas, face aos direitos dos trabalhadores migrantes, à comunidade LGBT+ e ao impacto ambiental.
Desde a entrega da edição de 2022, em 2010, que o pequeno mas rico emirado do Golfo Pérsico está sob fortes críticas, com patrocinadores e marcas a adotaram posições mais ou menos radicais.
Um dos casos mais impactantes está relacionado com a marca desportiva Hummel, que irá fornecer os equipamentos da Dinamarca sem os símbolos da marca, como forma de protesto, por “desvalorizar” os progressos realizados no Qatar.
Os organizadores da competição, que se realiza entre 20 de novembro e 18 de dezembro, contestaram a afirmação da Hummel de que este torneio “custou a vida a milhares de pessoas” e referiram, com base nos números oficiais, que “três trabalhadores morreram em acidentes de trabalho durante a construção dos oito estádios”.
Segundo a organização, foram feitas “reformas no mercado de trabalho, reconhecidas por organizações internacionais”, rejeitando a banalização do seu “compromisso sincero de proteger a saúde e a segurança dos 30.000 trabalhadores que construíram os estádios e infraestruturas envolventes”.
Na seleção nórdica, além do manifesto protesto das camisolas sem marca, também os equipamentos de treino vão exibir “mensagens críticas” e dois patrocinadores aceitaram a substituição do seu logótipo.
A um mês do início dos jogos no país, a Amnistia lançou uma nova petição para que o Qatar e a FIFA assumissem a responsabilidades na compensação dos danos causados às famílias das vítimas e aos trabalhadores que sobreviveram a acidentes de trabalho, na grande maioria migrantes oriundos da cordilheira dos Himalaias.
A petição (PayUpFIFA), inserida numa campanha global promovida por várias organizações de defesa dos direitos humanos, reclama uma verba de 433 milhões de euros para um fundo destinado a apoiar as famílias.
Apesar da polémica, alguns dos palcos construídos – todos climatizados para atenuar a altas temperaturas - têm a particularidade de serem desmontados e parcialmente removidos após terminada a prova, com o intuito de serem convertidos em infraestruturas de apoio à comunidade, como é o caso do Estádio Lusail, com as 80 mil cadeiras a serem oferecidas a projetos desportivos por todo o mundo.
Este é o maior estádio da prova e receberá, além da grande final, agendada para 18 de dezembro, mais nove partidas, com destaque para o Portugal-Uruguai, da segunda jornada do Grupo H, em 28 de novembro.
Outros quatro recintos, o Al Janoub, em Al Wakrah, o Ahmad Bin Ali, em Al Rayyan, o Al Thumama, em Doha, e o Al Bayt, em Al Khor, todos com capacidade para 40.000 espetadores, exceto o Al Bayt (60.000), aquele que fica mais longe do centro de Doha, a cerca de 60 quilómetros, vão ser reduzidos a 20.000 lugares e os materiais que sobrarem serão igualmente doados a outros países.
No caso do Al Bayt, a parte superior do estádio vai transformar-se num centro comercial e num hotel de cinco estrelas.
O Estádio 974, construído precisamente com o número de contentores de aço reciclável de navios que dá nome ao palco, será aquele onde a equipa das ‘quinas’ se vai estrear, diante do Gana, em 24 de novembro, e também será desmanchado totalmente após concluída a prova.
O Estádio Education City, situado em Al Rayyan, com lotação para 40.000 espetadores, vai acolher o confronto em Portugal e Coreia do Sul, de Paulo Bento, naquele que será o derradeiro jogo da ronda três da ‘poule’, no dia 02 de dezembro.
Este será mais um recinto em que os assentos do anel superior do estádio vão ser doados a um país carente de infraestruturas desportivas, com o palco a ser, posteriormente, transformado num núcleo desportivo para a comunidade local.
Por fim, o Estádio Khalifa Internacional, construído em 1976 em Doha, foi remodelado para serem acrescentados 10.450 lugares, para um total de 40.000, tendo sido também introduzido um novo sistema de iluminação LED. Em 2019, este palco acolheu o Campeonato do Mundo de clubes e os Mundiais de atletismo.
O Mundial2022 disputa-se no Qatar, entre 20 de novembro e 18 de dezembro, com Portugal a integrar o Grupo H da prova, juntamente com Gana (24 de novembro), Uruguai (28 de novembro) e Coreia do Sul (02 de dezembro).
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