O jejum de Portugal com a Grécia começou a partir de 1996 e desde então a Seleção Nacional não sabe o que é ganhar contra os gregos. E ainda não foi este sábado, no primeiro jogo particular do estágio de preparação para o Mundial 2014, que aprendeu a lição, face ao 0-0 final, apesar da festa criada pelos 33566 espetadores presentes no Estádio Nacional.

O nulo desta noite reflete não só a falta de inspiração e eficácia lusas, mas é também  uma consequência das muitas novidades introduzidas por Paulo Bento na equipa das quinas. De início alinharam Eduardo, André Almeida, Ricardo Costa, William Carvalho, Varela e Éder, apresentando-se num invulgar sistema de 4x4x2. No banco assistiam Ronaldo, Coentrão e Pepe, três dos 'titulares' habituais e que correm pela recuperação para o Mundial.

Contudo, as apostas do selecionador não tiveram grandes resultados perante uma Grécia igual a si própria. Fernando Santos manteve o ADN de uma seleção helénica coesa, lutadora e disciplinada taticamente, que apenas saía em contra-ataque para tentar a sua sorte.

O esquema tático da Seleção redundou na fraca capacidade de criação ofensiva de Miguel Veloso ou William, deixando a equipa demasiado dependente dos recuos de Postiga para vir buscar jogo ou das iniciativas individuais de Nani e Varela.

Assim, as melhores ocasiões de golo de Portugal nasceram quase exclusivamente de lances de bola parada. Ricardo Costa, Bruno Alves e Miguel Veloso ameaçaram a baliza de Karnezis na sequência de cantos, mas sempre sem o engenho necessário para desfeitear o guardião grego.

Após uma entrada com um ritmo interessante e intenso, Portugal baixou a partir dos 20 minutos e assim a Grécia conseguiu controlar melhor as investidas lusas. No entanto, essa mudança não despertava ainda o atrevimento grego, que ficaria guardado para mais tarde.

Com o nulo ao intervalo, Paulo Bento apostou em Beto e Hugo Almeida na segunda parte, lançando pouco depois Rúben Amorim. Todavia, a face do desafio não conheceu grandes transformações: Portugal atacava sem grande fôlego ou clarividência e a Grécia resistia concentrada e serena.

O selecionador nacional colocou ainda em campo Vieirinha e Rafa numa derradeira tentativa de chegar ao golo, mas os últimos minutos acabaram por revelar um maior perigo grego. Depois de um jogo quase completo de contenção, a pragmática equipa de Fernando Santos lançou-se em velocidade para a baliza de Beto, causando alguns calafrios aos adeptos portugueses nas bancadas. Afinal, o filme já era por demais conhecido, depois das exibições do Euro2004.

O "golpe de teatro" da já conhecida tragédia grega acabou por não se verificar e assim o nulo resistiu no marcador até ao apito final de Kevin Bloom. Um teste onde o resultado não era o mais importante, mas que mostra que Portugal e Grécia ainda têm algum caminho para percorrer até ao Mundial, no Brasil.