
Primoz Roglic pode hoje ter-se despedido definitivamente do triunfo na Volta a Itália em bicicleta, numa 15.ª etapa em que o ‘trabalhador’ Carlos Verona vestiu a pele de vencedor, após integrar a fuga do dia.
Aos 32 anos, e após 14 épocas no WorldTour dedicadas a trabalhar para outros, o ciclista espanhol estreou-se finalmente a ganhar em grandes Voltas, somando o segundo triunfo da carreira no final dos 219 acidentados quilómetros entre Fiume Veneto e Asiago, que cumpriu em 05:15.41 horas.
Verona ‘devolveu’ a alegria à Lidl-Trek, que festejou a sexta vitória nesta edição da ‘corsa rosa’ horas depois de ter perdido o seu homem para a geral, o italiano Giulio Ciccone, na sequência da queda que este sofreu na véspera.
“Vim para o Giro sabendo que o meu único papel era apoiar o [Mads] Pedersen e o Ciccone e estava superfeliz por isso. […] Tudo mudou ontem [no sábado], quando perdemos o ‘Cicco’. Não queria ganhar por mim, mas sim pela equipa”, resumiu o vencedor, garantindo que nunca pensou que iria erguer os braços neste Giro.
Se Verona, que chegou 22 segundos antes do alemão Florian Stork (Tudor) e 23 antes do italiano Christian Scaroni (XDS Astana), outros dos inúmeros fugitivos da jornada, teve uma jornada de sonho, Primoz Roglic (Red Bull-BORA-hansgrohe) viveu um verdadeiro pesadelo, perdendo 01.30 minutos para os restantes candidatos, após entrar em quebra na derradeira subida da 15.ª tirada, e caindo para a 10.ª posição da geral, já a quase quatro minutos de Isaac del Toro.
O jovem mexicano, de 21 anos, manteve a diferença para os homens que se seguem na classificação, numa etapa em que viu a sua equipa persegui-lo. O ciclista da UAE Emirates tem 01.20 minutos de vantagem para o britânico Simon Yates (Visma-Lease a Bike), com o seu companheiro espanhol Juan Ayuso em terceiro, a 01.26.
Numa longa jornada, as esperanças italianas de uma presença no pódio ficaram ameaçadas a 170 quilómetros da meta, quando Antonio Tiberi (Bahrain Victorious) perdeu o contacto com o pelotão, pagando caro um erro de colocação numa altura em que a fuga do dia tardava em formar-se.
Quando mais de três dezenas de ciclistas, entre os quais Daniel Martínez (Red Bull-BORA-hansgrohe), David Gaudu (Groupama-FDJ), Pello Bilbao (Bahrain Victorious), Diego Ulissi (XSD Astana) ou Mathias Vacek (Lidl-Trek), além dos primeiros três da tirada, finalmente se destacaram na frente da corrida, o ritmo no grupo do camisola rosa abrandou e Tiberi conseguiu reentrar.
A longa subida de primeira categoria ao Monte Grappa – 25,1 quilómetros com uma pendente média de 5,7% - selecionou o grupo da frente, mas também o pelotão, com a INEOS a impor um ritmo forte, antecipando um ataque de Egan Bernal, ao qual responderam apenas Del Toro e Richard Carapaz (EF Education-EasyPost), assim como o seu colega Thymen Arensman e Derek Gee (Israel-Premier Tech).
Em mais uma decisão tática incompreensível – como é habitual sempre que Tadej Pogacar não lidera a equipa -, quem perseguiu foi a UAE Emirates, mais interessada em proteger Ayuso do que em reforçar a liderança do jovem mexicano ou ganhar tempo a Roglic.
Os dois grupos acabaram por juntar-se e a fuga, nessa altura já ‘virtualmente’ condenada, voltou a repor a vantagem nos três minutos, uma diferença suficiente para os escapados, aos quais se juntou Romain Bardet (Picnic PostNL), discutirem entre si a vitória na 15.ª etapa.
Na ascensão de segunda categoria a Dori, Bernal, primeiro, e Carapaz, depois, voltaram a tentar, para resposta imediata do camisola rosa.
Embora não tenham conseguido ‘eliminar’ o mexicano, os ciclistas sul-americanos distanciaram Roglic, com o campeão do Giro2023 e favorito número um à partida a ficar, quase de certeza, irremediavelmente afastado do sonho de repetir triunfo na ‘corsa rosa’.
Cientes da quebra do esloveno da Red Bull-BORA-hansgrohe, as equipas dos candidatos aliaram-se para distanciar o quatro vezes vencedor da Vuelta, o grande derrotado de uma jornada em que o português Afonso Eulálio (Bahrain Victorious) foi 167.º, a mais de 30 minutos do vencedor.
Na segunda-feira, o pelotão cumpre o derradeiro dia de descanso da 108.ª edição, regressando à estrada na terça-feira para os 203 quilómetros entre Piazzola sul Brenta e San Valentino, que incluem três contagens de montanha de primeira categoria, a última a coincidir com a meta.
Comentários