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O País de Gales é uma nação sem tradição no Mundial e cuja ausência representa também o afastamento de Bale do palco do Campeonato do Mundo.
O Mundial é a grande competição do futebol, a prova em que todos querem participar, mas grandes “lendas” nunca tiveram essa oportunidade, como Alfredo Di Stefano, George Best e Eric Cantona.
Protagonista da mais cara transferência do futebol mundial em 2013, o galês Gareth Bale, de 24 anos, é mais um que “ameaça” juntar-se ao lote, uma realidade para o seu compatriota e quarentão Ryan Giggs, que terminou esta época a sua carreira.
Ao longo da sua história, o País de Gales só se conseguiu qualificar para o Mundial de 1958, pelo que Giggs, que venceu duas “Champions” e 13 edições da Liga inglesa, já não terá essa hipótese.
Por seu lado, Bale vai perder a primeira grande oportunidade, uma vez que os galeses nem sequer puderam sonhar com o Brasil, num Grupo A de qualificação em que se ficaram pelo quinto posto, atrás de Bélgica, Croácia, Sérvia e Escócia.
Antes, muitos outros grandes jogadores também não tiveram essa oportunidade, esse privilégio, “estrelas” como Di Stefano, Best, Cantona, Valentino Mazzola, Duncan Edwards, Laszlo Kubala, Bernd Schuster, Ian Rush ou George Weah.
Alfredo Di Stefano foi “Bola de Ouro” em 1957 e 69 e é a grande referência da história do Real Madrid, tendo sido decisivo na conquista das primeiras cinco edições da Taça dos Campeões Europeus, entre 1956 e 60.
Nascido a 04 de julho de 1926 (conta 87 anos), em Buenos Aires, foi melhor marcador dos campeonatos de Argentina, Colômbia e Espanha (cinco vezes) e internacional pelos três países.
Estas “trocas”, então permitidas, custaram-lhe a presença na fase final do Mundial de 1954, pois não lhe foi concedido jogar pela Espanha, que viria a falhar em 1958 e voltou em 1962, mas sem Di Stefano, ausente devido a lesão.
O presidente honorário do Real Madrid será, assim, o melhor jogador da história entre os que nunca estiveram em Mundiais, mas não foi a única “lenda”, bastando lembrar George Best, que teve o “azar” de nascer em Belfast, na Irlanda do Norte.
Considerado um dos melhores jogadores britânicos da história, o sempre irreverente Best encantou no Manchester United, numa relação que teve como ponto alto o título europeu conquistado em Wembley (1968), face ao Benfica.
Por diversas vezes, a Irlanda do Norte esteve perto de se qualificar para o Mundial na “era” Best, mas quando o conseguiu, em 1982, já era tarde demais para o então ex-“7” do United, com 36 anos e “perdido” nos Estados Unidos.
A lista dos “7” do United é composta por enormes jogadores e inclui outra grande “estrela” que nunca disputou um Mundial, o francês Eric Cantona, o preferido de muitos adeptos do clube de Manchester.
Entre 1987 e 1995, Cantona representou a França por 45 vezes (20 golos), mas, ainda a atuar em “casa”, não foi eleito para o Mundial de 1990 e, quatro anos volvidos, os gauleses falharam o apuramento para o Mundial dos Estados Unidos.
Desta forma, o jogador que mais brilhou ao serviço do Manchester United na década de 90, com exibições e golos memoráveis, bem como um pontapé, estilo “kong fu”, a um adepto, nunca pôde mostrar a sua arte num Mundial.
Sem presenças - como Ryan Giggs e agora Gareth Bale - por culpa dos sucessivos falhanços do País de Gales, ficou também o avançado Ian Rush, que brilhou intensamente no Liverpool, equipa na qual atuava na mesma altura um guarda-redes que também nunca pôde ir a uma fase final, o zimbabueano Bruce Grobbelaar.
A nacionalidade explica igualmente as ausências do avançado liberiano George Weah, “Bola de Ouro” e “Jogador do Ano” da FIFA em 1985, do médio Abedi Pelé – o Gana só se estreou em 2006 - ou do avançado finlandês Jari Litmanen.
Entre os grandes ausentes entram também duas vítimas de tragédias, de dois acidentes de avião: o italiano Valentino Mazzola perdeu a vida em Superga (1949), a um ano de poder brilhar no Mundial de 1950, e o inglês Duncan Edwards, de 21 anos, faleceu na sequência do desastre de Munique (1958).
Se uns não puderam, outros não quiseram, caso de Bernd Schuster, o brilhante médio da seleção alemã que, depois de encantar no Europeu de 1980, levando a RFA ao cetro, abandonou a “Mannschaft” aos 24 anos, por desentendimentos com o selecionador e algumas das “estrelas” da seleção.
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