A pacata Magaliesburgo, onde a selecção portuguesa de futebol estagia para o Mundial2010, vive do turismo enquanto paraíso dos amantes da natureza, mas um assalto com armas de fogo a dois jornalistas portugueses e um espanhol colocou a nu os problemas de segurança do país, neste caso em torno das casas de campo (“cottage”).
“Somos uma comunidade de pouco mais de 2000 habitantes. Este tipo de turismo rural, associado a várias formas de lazer, permitiu a criação de muitos postos de trabalho e o melhoramento do nível de vida de muitas famílias. O que estes ladrões fizeram pode causar sérios danos a uma comunidade simples, trabalhadora e próspera”, lamenta Sarah Hewitt.
A qualidade da “obra” dos dois assaltantes desta manhã permite à polícia considerar que se tratam de amadores (pelo menos um deles foi apanhado pouco depois), mas foram precisamente estes inexperientes que entraram em três habitações, roubaram dois jornalistas enquanto dormiam e acordaram um terceiro, apontando-lhe uma arma à cabeça.
O município de Mogale city e as autoridades policiais estão a concertar estratégias e vão reunir esta tarde com os profissionais da comunicação social por volta das 17:00 (16:00 em Lisboa) que acompanham a selecção de Portugal para transmitir as medidas adicionais de segurança para os proteger – a FPF está “preocupada”, mas afastada do processo.
O problema da segurança começa na ausência de vedação exterior ou, na maior parte dos casos, da sua precariedade, pois parece mais vocacionada para delimitar um território do que proteger quem lá vive.
As casas têm por norma amplas janelas de frágil estrutura que qualquer “larápio” qualificado consegue transpor em menos tempo do que o necessário para abrir uma porta à chave: um cidadão motivado pela oportunidade do furto não demorará muito mais tempo.
Alguns dos empreendimentos têm um botão de alarme directamente ligado a uma empresa privada de segurança, mas as autoridades sabem que boa parte deles não funciona convenientemente e em alguns casos o serviço já foi mesmo desactivado.
Para piorar o cenário, além da fácil invasão de propriedade, os empreendimentos ficam habitualmente em locais isolados, pelo que uma ação concertada de um gang pode facilmente “limpar” tudo o que desejar.
A África do Sul é tão conhecida pelas suas belezas naturais como pela violência extrema, que anualmente provoca entre 15 000 a 20 000 mortes por assassínio, a maior parte dos quais durante assaltos.
As cidades são claramente o maior foco de violência, mas as zonas rurais também sofrem do mesmo flagelo: o governo estima que mais de 300 000 adeptos de futebol de todo o mundo vão afluir ao país e esse excesso de turistas e profissionais com maiores recursos financeiros e material caro surge como uma oportunidade de ouro para os prevaricadores.
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