A essência do futebol brasileiro, no estado mais puro, de Pelé a Neymar, passando por Garrincha, Zico ou Ronaldinho Gaúcho, esteve esta segunda-feira em exibição no Qatar, levando a Coreia do Sul ao desespero e o selecionador Tite a dançar.
Quando Vinicius Júnior ‘pegou no tambor’, com o primeiro golo, logo se percebeu que iria haver festa brasileira no Estádio 974. ‘Placar’ inaugurado e, logo de seguida, a ‘torcida’ brasileira ergueu um pano gigante na bancada, em homenagem a Pelé, corria o minuto 10, o número eternizado pelo ‘Rei’, campeão do mundo em 1958, 1962 e 1970.
Curiosamente, não foi na língua de Camões, mas sim em inglês que os 'torcedores' transmitiram a mensagem: “Pelé, get well soon [melhore rapidamente]”, lia-se, em alusão aos problemas de saúde por que Edson Arantes do Nascimento tem passado nos tempos recentes.
O segundo ‘batuque’ deu-o Neymar, de penálti, mas foi Richarlison que deu o ‘passo de dança’ final de um jogada a fazer lembrar o Brasil dos melhores tempos, do futebol de rua, da ‘ginga’ que encanta milhões desde os primórdios, mas que, aqui e acolá, tem ficado ‘amarrada’ fora dos estádios, em detrimento das estratégias e dos conceitos técnico-táticos.
Com dois toques de cabeça ludibriou o adversário e deixou Lucas Paquetá e Thiago Silva abrirem-lhe o caminho para o golo. Feito o 3-0, Richarlison correu para o banco e convidou Tite para a 'dança do pombo', festejo celebrizado pelo avançado do Tottenham. O técnico aceitou o repto para aquela que ficará, certamente, como uma das imagens marcantes deste Mundial.
“Foi uma demonstração de alegria pelo golo, pela equipa, pelo desempenho, pelo resultado e não um desrespeito pelo adversário, nem pelo Paulo Bento, por quem tenho muito respeito e amizade, até pelo tempo que passou no Cruzeiro”, disse Tite, após o encontro, ele que vai deixar o comando do ‘escrete’ no final desta ‘Copa’.
Neymar, Vinicius Júnior, Raphinha e Richarlison iam sendo o expoente máximo da qualidade técnica ‘canarinha’ e as bancadas, repletas de adeptos brasileiros, deliravam com os lances de ‘magia’ que compunham uma das melhores exibições coletivas e técnicas que se viram de uma seleção neste Campeonato do Mundo.
Restou a Lucas Paquetá compor o resultado na primeira parte e lançar os jogadores brasileiros para o último samba na partida. Mais um, o quarto, perante o pasmo dos sul-coreanos e de Paulo Bento.
Paik Seung-Ho ainda se intrometeu na festa ‘canarinha’ no segundo tempo, só que os ‘quartos’ estavam mais do que garantidos, perante uma ‘plateia’ de 43.847 espetadores.
O futebol-arte durou uma parte, mas inegavelmente valeu por inúmeros jogos. Sempre com o ‘hexa’ na mente e com Pelé a torcer por fora.
Comentários