Num discurso pontuado de humor e boa disposição, que amiúde arrancou gargalhadas a uma vasta audiência no Centro de Convenções de Sandton, Joanesburgo, Luiz Inácio Lula da Silva destacou a diversidade cultural do Brasil como a maior riqueza nacional a ser explorada pelos visitantes.

Referindo a proximidade de países como Argentina, Uruguai e Paraguai ou Peru, o presidente brasileiro previu um “Brasil inundado de pessoas (dos países vizinhos)”.

“Nós temos todo um continente latino-americano que pode vir a pé, que pode vir de carro, que pode vir de moto, que pode vir de qualquer forma para assistir aos jogos”, anteviu Lula da Silva, exortando os governadores e todos os que estão envolvidos na organização a “fazer as coisas bem feitas e dentro dos prazos".

O presidente brasileiro, acompanhado de uma vasta comitiva ministerial que o acompanha numa visita oficial à África do Sul, deu início a uma campanha publicitária, que “venderá” a partir de hoje a imagem do Brasil como organizador da fase final do Mundial de 2014.

Após assistir a vários vídeos promocionais do Brasil, Lula da Silva falou de improviso sobre as potencialidades do seu país, destacando a sua capacidade empreendedora, belezas naturais, riqueza histórica, cultural, culinária e a sua forte economia emergente, “a qual, segundo previsões do Banco Mundial, será em 2016, a quinta maior economia do mundo”.

Para ilustrar a diversidade cultural do Brasil comparativamente à de outros países, o presidente brasileiro citou algumas das selecções participantes no Mundial 2010 da África do Sul, como a alemã, a japonesa, a italiana e as das duas Coreias, praticamente compostas por atletas de uma só raça ou etnia, ao contrário da brasileira, que reflecte a mistura de culturas e povos do país.

Quando se referiu à Coreia do Norte, Lula da Silva gracejou com um dos seus jogadores, que “chorava muito sempre que cantava o hino nacional”.

“Na minha opinião, o rapaz chorava tanto com medo de regressar ao seu país”, rematou o presidente, levantando de novo um coro de gargalhadas da audiência.

Mas as piadas não abrandaram durante toda a sua alocução e a sua estratégia de “vender” o Mundial brasileiro ao público sul-africano passou mesmo pela sua própria figura.

“O Brasil possui essa mistura extraordinária que é a do índio, do negro e do europeu, que deu essa gente bonita como eu”, referiu.

Depois de um dia passado em cerimónias protocolares, na companhia do presidente sul-africano, Jacob Zuma, Lula da Silva ignorou o discurso de várias páginas que deveria ler, sublinhando “ter já lido mais discursos durante um dia do que aquilo que a selecção brasileira jogou no Mundial”.