No dia em que a quinta seleção africana em competição entra em campo, com o Gana a defrontar a seleção portuguesa, relembramos a Nigéria de Roger Milla no Itália 1990: Uma daquelas histórias de conto de fadas, num Mundial que muitos consideram o pior de sempre: Poucos golos, muitos empates a zero e jogos pobres em espectáculo.

Se o Mundial não encantou, e não foi escrita poesia no relvado, o certame italiano valeu por alguns pormenores, com destaque para a formidável campanha da seleção dos Camarões de Roger Milla. A equipa africana trouxe laivos de futebol positivo no Mundial da 'melancolia', com equipas predominantemente defensivas, em que o objetivo era marcar e fechar linhas cá atrás.

Milla, que tinha anunciado a sua despedida da seleção, recuou na decisão perante os pedidos do seu povo e do então presidente dos Camarões, Paul Biya. Em boa hora, porque seria uma grandes figuras do Mundial 1990. Entrava quase sempre na segunda parte dos encontros, mas ainda assim apontou quatro golos nesse Campeonato do Mundo.

O início foi prometedor, depois dos 'Leões Indomáveis' terem derrotado a campeã mundial Argentina no jogo de estreia, em pleno Giuseppe Meazza, com Omam Biyik a marcar o único golo da partida.

A seleção africana voltou a brilhar a grande altura, com um triunfo por 2-1 frente à Roménia, com golos de Roger Milla, que contava já com 38 anos. Na última jornada da fase de grupos, os Camarões foram goleados pela antiga U.R.S.S, mas seguiram em frente para os oitavos de final e no primeiro lugar do grupo.

No encontro decisivo dos oitavos de final, Camarões e Colômbia mediram forças, com o embate a ter golos apenas a partir do minuto 106. A sair do banco, Milla foi decisivo. O dianteiro passou por Luís Carlos Perea e Andrés Escobar e colocou a bola no ângulo da baliza de René Higuita.

Três minutos volvidos, Higuita comprometeu. Tentou tirar um adversário do caminho, mas acabou por perder a bola, com Milla a bisar na partida. Bernardo Redín ainda reduziu para a Colômbia, mas o resultado estava sentenciado, com os Camarões a tornarem-se na primeira equipa africana a almejar os quartos de final do Campeonato do Mundo.

Numa inédita presença nos quartos de final, os Camarões tinham pela frente a Inglaterra orientada pelo mítico Bobby Robson, que mais tarde veio a orientar o Sporting e o FC Porto. Na equipa dos 'Três Leões' brilhavam estrelas como Paul Gaicoigne e Gary Lineker. Só no tempo extra a Inglaterra conseguiu levar a melhor, num encontro extremamente competitivo (3-2).

No San Paolo em Nápoles, David Platt abriu o marcador. Kundé empatou de grande penalidade ao minuto 62´. A Nigéria ainda sonhou depois de Eugene Ekéké fazer o 2-1 à passagem do minuto 65´. Só que Gary Lineker empatou de grande penalidade ao minuto 83´. Já no prolongamento, o avançado inglês fez o golo do triunfo também na transformação de um castigo máximo.. Morriam na praia os Camarões, mas a equipa africana de 1990 ficou certamente na memória de todos.