Messi, Aguero, Higuain, Dybala, Di Maria...tudo jogador de classe mundial, todos titulares nas grandes equipas da Europa. Juntos, não conseguem render na Seleção da Argentina. Não nesta Argentina de Jorge Sampaoli. A derrota por 3-0 frente a Croácia, na 2.ª jornada do Grupo D deixa os argentinos em 'maus lençóis', e a depender de terceiros para se apurar.

O homem que guiou o Chile uma vitória na Copa América frente a sua Argentina, que colocou Alexis Sanchéz, Arturo Vidal e companhia a 'comer' a relva e a jogar um futebol atrativo, é incapaz de repetir a fórmula no seu país. A Argentina só está no Mundial2018 graças ao génio de Messi, depois de uma fase de qualificação sofrível na zona sul-americana, onde só no derradeiro jogo, com um hat-trick do avançado do Barcelona, conseguiu um lugar nos 32.

Nos jogos de preparação continuou a desiludir, com exibições paupérrimas e decisões que desesperam os argentinos. A insistência em jogadores como Meza para a frente ou Lucas Bigglia no meio-campo deixam os argentinos com os nervos em franja. As constantes mudanças táticas, entre o 3-4-3, o 4-3-3 e o 4-4-2 de nada trouxeram ao jogo da seleção das Pampas. E em dois jogos no Mundial2018, a Argentina não conseguiu apresentar algo que capaz de levar a crítica a coloca-los no lote de favoritos. Porque ter Messi não chega.

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Depois do empate frente a Islândia na jornada inaugural, esperava-se uma resposta, a nível exibicional, frente a Croácia, equipa que chegou a este jogo com três pontos, mas tudo foi pior. A equipa depende muito do que Messi pode fazer e o astro não consegue ligar-se com a restante equipa como faz no Barcelona. Quando Messi tem bola, há poucas linhas de passe, não há movimentos de penetração nas costas da defensiva contrária,... nada. E sozinho, Messi não joga.

A Croácia, guiado por Rakitic e Modric (fez um jogão) e mais tranquilo no terreno, conseguiu anular, sem muitas dificuldades, o perigo argentino. E na frente, Pesiric, Mandzukic e Rebic iam deixando a defensiva 'albiceleste' aos papeis.

Sampaoli até tentou agitar as águas, atuando agora em 3-4-3, com Acuña e Salvio nas alas e Enzo Perez no meio.

O Argentina - Croácia em números

Cabalero evitou o primeiro aos cinco minutos numa boa defesa a remate de Perisic. Aos 30 é Enzo Perez a ter a melhor oportunidade do primeiro tempo para a Argentina mas o seu remate, após desentendimento entre Lovren e Subasic, saiu ao lado. A primeira parte ficava assim resumido, com a Argentina a ter mais bola e a Croácia mais perigosa em transições rápidas.

No segundo tempo chegou o descalabro. Aos 53 minutos, Ante Rebic pressionou Cabalero, o guarda-redes argentino tentou passar a bola por cima do atacante croata mas acabou por deixar a bola em boa medida para um remate de primeira de Rebic, para desespero dos argentinos. Sampaoli batia palmas, tentava incentivar a equipa mas estava aí a primeira 'marretada' numa noite que seria de pesadelo no Estádio de Nizhny Novgorod.

Sampaoli teve de mexar. Lançou Higuain para o lugar de Aguero, um dos melhores, fez entrar ainda Dybala e Pavón para os lugares de Salvio e Enzo Pérez mas não havia ideias em campo. Do outro lado, a classe era tanta que até arrepiava. Rakitic mas principalmente Modric impunham a sua lei no miolo, Perisic e Mandzukic davam continuidade às jogadas dos craques de Barcelona e Real Madrid, respetivamente.

A Argentina, de rastos, sem ideias, criou a situação de perigo aos 64 minutos, numa das poucas jogadas de envolvimento atacante. Higuaín foi lançado por Messi, centrou, Mezza rematou contra Subasic, Messi tentou a recarga mas a bola bateu de novo no guarda-redes croata e saiu para fora. 'Morria' aí o ataque da Argentina e entrava em cena as estrelas da Croácia.

Aos 81 minutos, Luca Modric fez levantar o Estádio de Nizhny Novgorod com um dos melhores golos do torneio. Recebeu à entrada da área, bailou sobre Otamendi antes de disparar uma 'bomba', colocada, junto ao poste esquerdo de Cabalero. Que golaço! Aos 86 Rakitic viu a trave devolver-lhe um remate que levava selo de golo mas o craque do Barcelona fechou a contagem aos 90, num lance de contra-ataque onde apareceram três croatas em situação de finalização.

A Argentina fica torcer por uma derrota da Islândia frente a Nigéria para depois golear os africanos na derradeira jornada. Ou então um empate entre ambos desde que na 3.ª ronda os islandeses percam com a Croácia e a Argentina vença a Nigéria. Muitas contas para fazer.