O Mundial 2010, ao contrário de outros Mundiais, não teve apenas um protagonista que arrecadasse unanimemente o papel de figura central do torneio. Ao contrário de outros grandes torneios entre as nações mundiais, que consagraram nomes como Diego Armando Maradona, Paolo Rossi, Pelé, Zinedine Zidane, Gerd Muller ou Eusébio, o Mundial da África do Sul ficou marcado pelo golo de Iniesta na final, mas também pela dificuldade imensa de eleger apenas um craque que marcasse para sempre o verão de 2010.

Iniesta, pela decisão na final, Xavi pela mestria a meio campo e David Villa, decisivo com golos em quatros jogos, destacaram-se na selecção espanhola, na qual também Puyol (desfez o nulo com a Alemanha nas meias finais) e Casillas mereceram postos de honra.

A Holanda, finalista vencida do Mundial, regressou aos gloriosos dias da “laranja mecânica” com Sneijder e Robben a ficarem a um pequeno passo da galeria de campeões do Mundo. O jogador do Inter de Milão esteve perto de fazer um inédito pleno caso tivesse levado a Holanda ao título mundial, depois de vencer tudo com o seu clube esta época.

Mas foi do Uruguai, quarto classificado, que surgiu o jogador Bola Ouro do torneio. Diego Fórlan com cinco golos e exibições majestosas arrecadou o prémio de melhor jogador do Mundial 2010, numa votação levada a cabo pelos jornalistas credenciados pela FIFA. O avançado uruguaio foi o grande líder da selecção sul-americana na excelente prestação da Celeste na África do Sul.

A jovem selecção da Alemanha, com um futebol prático e eficaz, alcançou o terceiro lugar do Mundial 2010 e deu a conhecer ao Mundo mais uma estrela do futebol mundial. Thomas Muller foi um dos jogadores em destaque na equipa de Joachim Löw vencendo a Bota de Ouro com cinco golos, tantos como Villa, Sneijder e Forlan, mas com mais assistências. Mas no temível bloco alemão, que goleou sem piedade a mediática favorita Argentina por 4-0 nos quartos-de-final, destacaram-se ainda Schweinsteiger, confirmando a sua excelência nas assistências, e Klose, avançado alemão que confirmou a sua eficácia como goleador e que esteve perto de destronar Ronaldo na lista de melhores marcadores em fases finais de Mundiais.

O Mundial 2010, que colocou meio mundo de vuvuzela na boca e que viu o regresso do lendário Maradona, agora como treinador, acentuou também o mito da maldição de Roberto Baggio. O Campeonato do Mundo na África do Sul foi o quinto torneio consecutivo a fazer desaparecer o melhor futebolista do Mundo.

A maldição de Baggio remonta a 1994, quando o internacional italiano, na altura o melhor jogador do mundo, falhou o penalti decisivo na final do Mundial nos EUA frente ao Brasil. Em 1998, Ronaldo foi um dos piores em campo no jogo de atribuição do título à França, e em 2002, Luís Figo não conseguiu levar Portugal a passar da fase de grupos. Em 2006, Ronaldinho Gaúcho simplesmente eclipsou-se em campo não fazendo jus ao título de melhor do mundo.

Na África do Sul, Lionel Messi, que vinha de uma brilhante campanha ao serviço do Barcelona com 38 golos, ficou em branco no torneio e pareceu quase sempre alheado da selecção argentina.

O internacional português Cristiano Ronaldo, que prometeu explodir e regressar ao trono de melhor do mundo deixou pálida imagem, apenas com um golo fortuito, enquanto Rooney nem isso foi capaz de fazer e no primeiro jogo a eliminar fez as malas para férias prematuras.

O brasileiro Kaká nunca soube pegar no jogo da “canarinha” e, de terras gaulesas, desilusão absoluta com constantes “pegas” entre os jogadores e o seleccionador.