Nascido e criado em Vila do Conde, António André aprendeu ainda muito jovem a dureza de ir ajudar a família na pesca. O futebol chegou um pouco mais tarde, mas acabou por desbravar um novo destino além do mar. Das águas guardou a coragem, raça e determinação, que se aliaram ao seu talento natural para carregar uma equipa às costas.
Foi assim que depois de fazer a formação no Rio Ave começou a brilhar no vizinho Varzim, onde se estreou como sénior em 1979/80. O empenho com que representou o emblema poveiro durante cinco anos não passou despercebido ao FC Porto, o seu clube do coração. Sob a indicação de José Maria Pedroto e o aval do treinador Artur Jorge, o destemido médio ascendia ao palco com que sonhara: o Estádio das Antas.
Aqui, assumiu o leme da nau portista num dos seus períodos mais gloriosos. Foram 11 anos de azul e branco nos quais se tornou uma referência incontornável da história dos dragões. Mais do que os (muitos) títulos – entre eles sete Campeonatos, três Taças de Portugal, cinco Supertaças, uma Taça dos Campeões Europeus, uma Supertaça Europeia e uma Taça Intercontinental – é a memória do seu amor à camisola que perdura entre os adeptos, de quem se despediu em 1995, como campeão, aos 37 anos.
André era não só um médio defensivo de eleição, mas também um jogador fiel. Daqueles que não quebra nem torce perante as adversidades e que recusou mesmo propostas mais vantajosas para continuar a defender o FC Porto. Algo que ainda hoje continua a fazer, ainda que em funções mais discretas do que antigamente.
Porém, a carreira de André não se esgotou no FC Porto, estendendo igualmente a sua influência à Seleção Nacional. Pela equipa das quinas realizou 19 jogos e esteve no Campeonato do Mundo de 1986, no México, mais recordado pelo célebre ‘caso Saltillo’ do que pelos seus resultados desportivos. Ainda assim marcou presença em dois desafios: a derrota com a Polónia e o triunfo sobre a Inglaterra.
Uma passagem discreta pela maior prova do futebol mundial, que contrasta com a notoriedade alcançada pelo FC Porto. E em dia de aniversário nesta véspera de Natal – na qual completa 56 anos -, António André deixa um “presente” para o futuro dos dragões: a mística do clube, eternizada por jogadores como ele. Daqueles que rareiam e já não se fazem como antes.
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