Um empate segunda-feira frente ao Irão basta a Portugal para garantir os serviços mínimos no Mundial2018 de futebol, os oitavos de final, mas “conquistar o sonho” vai exigir que a seleção se aproxime do nível de Cristiano Ronaldo.
O empate 3-3 com a Espanha e o triunfo 1-0 sobre Marrocos teve ‘capitão’ de sobra, com quatro golos que o tornam no melhor marcador da competição, mas expos um conjunto em défice face à qualidade que possui, bem como ao estatuto de campeão da Europa que ostenta.
Portugal tem sido movido a ‘vitamina R’, mas Carlos Queiroz, que já o treinou na seleção e Manchester United, conhece-o mais profundamente do que ninguém: profundo estudioso do futebol, o professor será, confiam os iranianos, a pessoa certa para travar o melhor do Mundo da FIFA.
A questão será, agora, saber se Portugal tem equipa à altura de ‘substituir’ Ronaldo, num dia em que a maior referência da seleção esteja desinspirada, sendo certo que, sem intensidade mais assertiva no seu futebol – e capacidade de sair da primeira pressão, sem bola ‘jogável’ -, dificilmente o conseguirá.
Fernando Santos diz que a fase de grupos é a mais complicada, de “maior pressão”, e acredita que Portugal recuperará os níveis exibicionais quando for a eliminar: é preciso chegar lá e a formação de Carlos Queiroz, que também se pode classificar, tendo de vencer, já mostrou o seu valor no êxito sobre Marrocos (1-0) e no desaire pelo mesmo resultado com a Espanha.
O 37.º do ‘ranking’ FIFA, no qual Portugal ocupa o quarto posto, tem-se revelado um exímio conhecedor dos adversários, anulando defensivamente os seus pontos fortes e procurando surpreender no contra-ataque.
“Sem super-heróis, mas com super-histórias”, como já disse Queiroz, os persas ambicionam um feito único na sua história, pois em cinco edições apenas conquistaram, agora, o segundo triunfo (o outro foi contra os Estados Unidos, no França1998), que os mantém na corrida rumo aos inéditos ‘oitavos’.
Queiroz conseguiu montar uma máquina competitiva na qual o todo é mais forte do que a soma das partes, num Irão que defende com todos os elementos muito compactos e solidários, com paciência e rigidez tática capazes de impacientar o adversário.
A forma como se entregam ao jogo – são bastante agressivos nos duelos individuais e bem-sucedidos nas segundas bolas - e se desmultiplicam nas dobras faz parecer que estes operários estão sempre em superioridade numérica.
Jogadores possantes ajudam a que os asiáticos sejam extremamente fortes nas bolas paradas, nas quais Portugal, com estatura mais baixa, precisa da ajuda de Cristiano Ronaldo.
Catorze dos 23 ‘solistas’ iranianos jogam no estrangeiro, facto que ajudou à evolução do seu futebol.
Na análise ao desempenho luso no Mundial2018, Fernando Santos garante que o problema está na “dinâmica coletiva” e não em situações individuais, pelo que, em desafio decisivo, pouco deve mudar no ‘onze’ que tem jogado.
Do primeiro para o segundo jogo, Santos apenas trocou Bruno Fernandes por João Mário, repetindo Rui Patrício, Cédric, Pepe, José Fonte, Raphaël Guerreiro, William Carvalho, João Moutinho, Bernardo Silva, Cristiano Ronaldo e Gonçalo Guedes.
Santos e Queiroz são amigos de longa data, porém já anunciaram tréguas na relação durante os 90 minutos decisivos para as duas nações.
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