A organização do Mundial2022 de futebol, no Qatar, negou hoje um relatório da ONG Equidem, assente em seis dezenas de testemunhos de trabalhadores alegadamente explorados e discriminados na construção e preparação do evento, que arranca em 20 de novembro.

O relatório, intitulado “Se nos queixamos, somos despedidos”, é considerado pelo comité organizador, em comunicado, como um documento “cheio de afirmações falsas e factos incorretos”.

A Equidem reconhece que foram levadas a cabo “reformas” no sistema laboral qatari, assente no sistema de ‘kafala’, mas “para lá desse quadro” terão sido explorados e discriminados “milhares de trabalhadores migrantes”, a quem é devida “compensação”.

Embora as autoridades do Qatar neguem, várias organizações apontam para milhares de mortes naquele país entre 2010 e 2019 em trabalhos relacionados com o Mundial, com um relatório do jornal britânico The Guardian, de fevereiro deste ano, a cifrar o valor em 6.500 óbitos, número que muitos consideram conservador.

Ao longo dos últimos anos, numerosas organizações e instituições têm apelado também à defesa dos direitos de adeptos, e não só, pertencentes à comunidade LGBTQI+, tendo em conta a perseguição de que são alvo em solo qatari.

Em maio, a seis meses do arranque da competição, a Amnistia Internacional assinou uma carta aberta endereçada ao presidente da FIFA, Gianni Infantino, ao lado de associações como a Human Rights Watch, pedindo-lhe que invista o mesmo valor dos prémios atribuídos às seleções pela performance no torneio num mecanismo de compensação.