O empate caseiro do Luton Town frente ao Liverpool ficou manchado pelos cânticos alusivos à tragédia de Hillsborough entoados pelos adeptos da casa. A direção do clube recém-promovido à Premier League já informou que vai banir os adeptos que entoaram a ofensa.

O Luton Town veio condenar o comportamento dos seus adeptos demonstrando-se "extremamente desapontados" e que estão contra "qualquer cântico que procure a divisão".

O clube informou ainda que foi aberta uma investigação interna sobre o caso.

"O que rapidamente se tornou evidente é que um número de pessoas pode ter participado sem saber que as palavras usadas estavam relacionadas com as tragédias de Hillsborough e Heysel. O caminho para persuadir os apoiantes a não repetirem estes cânticos no futuro é através da comunicação e da educação”, anunciou o clube, num comunicado.

As imagens de videovigilância do estádio estão a ser analisadas e o clube vai ainda "falar com testemunhas" para permitir que sejam identificados os adeptos que estiveram envolvidos nos cânticos para poderem "enfrentar interdições nos estádios e possíveis processos-crime".

De relembrar que a tragédia de Hillsborough ocorreu em abril de 1989, em Sheffield, durante o jogo entre Liverpool e Nottingham Forest, em que morreram 96 pessoas devido à entrada de vários adeptos dos 'reds' para um setor que já estava esgotado, o que levou a que muitos apoiantes morressem esmagados, face à sobrelotação.

A Premier League demonstrou-se "horrorizada" com os gritos ouvidos durante o jogo condenando, "veementemente todas as formas de abuso sobre tragédias no futebol".

Na sequência dos comportamentos dos apoiantes, a Liga Inglesa anunciou que vai lançar "recursos" para educar os adeptos.

"O abuso da tragédia no futebol causa sofrimento significativo às famílias das vítimas e a outros adeptos do futebol. Como parte do pacote de medidas anunciado no início da temporada, a Premier League lançará recursos educacionais para ajudar as crianças a compreender a dor e o impacto do comportamento negativo, como abuso relacionado com tragédias”, anunciou a Liga Inglesa, em comunicado.

A partir de dia 13 de novembro, estará disponível uma "aula presencial para mais de 18 mil escolas primárias e 60 mil professores" em Inglaterra e no País de Gales como parte do programa 'Premier League Primary Stars'.

"Continuamos a tratar esta questão como algo inaceitável e estamos empenhados em abordá-la como uma prioridade. Os culpados de abusos relacionados com a tragédia enfrentam uma suspensão automática do clube e serão encaminhados para a polícia", acrescentou a Premier League no seu comunicado.

O Liverpool também terá entrado em contacto com o Luton para questionar sobre o protocolo do clube nestas situações. Os 'reds' demonstraram-se disponíveis para ajudar na educação dos adeptos sobre a tragédia, segundo apurou a 'BBC Sport'.

Jürgen Klopp também abordou a situação que ocorreu durante o jogo de domingo, afirmando que os envolvidos "deveriam ter vergonha".

Contudo, esta não foi a primeira vez que ocorreu algo semelhante. No jogo da FA Cup da última temporada, um adepto do Manchester United foi detido após utilizar uma camisola que gozava com as vítimas da tragédia de Hillsborough.

Também Jamie Carragher, ex-defesa do Liverpool, que comentava o jogo na Sky Sports, fez referência aos cânticos que "aconteceram duas ou três vezes durante o jogo" e que embora a "rivalidade seja necessária" no "mundo em que vivemos, deveríamos ser melhores do que cânticos de ódio".

O Luton marcou o primeiro golo da partida aos 80 minutos, por Tahith Chong, mas, o recém-entrado Luis Díaz carimbou o empate aos 90+5' minutos com uma dedicatória especial para o seu pai que continua refém da guerrilha colombiana, ELN.