A TalkTV divulgou, esta quarta-feira, a primeira parte da entrevista de Piers Morgan a Cristiano Ronaldo (que será transmitida esta noite na RTP). O internacional português falou sobre o regresso ao Manchester United, que o "surpreendeu" pela "negativa", das críticas que recebe da imprensa ou de ex-companheiros como Wayne Rooney e Gary Neville, e ainda daquele que descreveu como um dos piores momentos da sua vida: a morte de um dos gémeos que esperava, em conjunto com a companheira.

Sobre o interesse do City: "Honestamente esteve perto [ndr: a ida para o City]. Foi algo que falaram muito. E Guardiola disse há duas semanas, penso, que tentaram muito ter-me. Mas sabem a minha história no Manchester United e o teu coração, o sentimento, a história que fizeste antes, fez a diferença. E claro, Alex Ferguson. Penso que tomei a decisão consciente, não me arrependo."

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Críticas ao United: "No Manchester United o progresso foi zero comparando com o Real Madrid e a Juventus. Esses seguiram o resto do Mundo, especialmente a nível da tecnologia, seja a nível do aspecto físico e da nutrição, de recuperar um jogador corretamente. Surpreendeu-me. Na minha opinião, estão atrás desses clubes. Um clube com esta dimensão deveria estar no top 3. Não estão, infelizmente. Não estão nesse nível mas espero que nos próximos anos conseguir chegar a esse nível."

Ralf Rangnick: "Desde que Ferguson deixou o clube, não vi evolução no clube. Houve zero progresso. O clube, depois de Ole, trouxeram um director desportivo [Ralf Rangnick] que foi algo que ninguém entendeu. Nem sequer era treinador. O facto de o trazerem surpreendeu-me a mim e a todos."

Nova geração de treinadores: "Os novos treinadores acham que encontraram a coca-cola no deserto. Não entendo. O futebol está inventado há muitos anos. Mas respeito, cada treinador tem a sua mentalidade, mas chega a um certo ponto que não concordas. Sempre estive com os melhores treinadores do mundo: Zidane, Ancelotti, Mourinho, Fernando Santos, Allegri… Tenho um pouco de experiência porque aprendo com eles. E quando vês um treinador que quer revolucionar o futebol, eu posso não concordar, mas faz parte do negócio. No final de contas, estou no clube para ganhar e quero ajudar com a minha experiência. Alguns treinadores não aceitam, faz parte do trabalho."

Jogadores jovens: "Não quero dizer que eles não respeitam os jogadores mais velhos ou experientes. Mas eles vivem numa era diferente, eu vejo o meu filho de 12 anos: a mentalidade é diferente. A diferença? A fome. Têm as coisas mais facilmente, penso, tudo é mais fácil, não sofrem e penso que não querem saber. Lembro-me quando tinha 18, 19 ou 20 anos e tentava aprender com os melhores: Nistelrooy, Ferdinand, Keane e Giggs."

Dalot: "Se me disseres o que eu vejo no United, posso dar o exemplo de Dalot. É jovem, mas é muito profissional. Não duvido que vá ter longevidade no futebol. É jovem, inteligente e muito profissional. Há mais alguns, o Lisandro Martínez, o Casemiro..."

Morte do filho: "Foi o pior momento da minha vida desde a morte do meu pai. Esperava o meu filho, eu e a Gerogina não percebemos o que nos aconteceu e foi muito difícil explicar o que aconteceu. O futebol não pára com tantas competições... foi o momento mais complicado para mim e para a Georgina."

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Críticas de Rooney: "Não entendo. Deviam perguntar-lhe a ele porque me critica. Não sei. Ciúmes de estar a jogar? Provavelmente, porque ele terminou a carreira nos 30's e eu ainda jogo ao mais alto nível. Não vou dizer que estou mais bem-parecido que ele, que é verdade [risos]... É difícil ouvir esse tipo de palavras negativas e críticas de pessoas com quem joguei. Do Gary Neville também, por exemplo. Não sei se por terem um trabalho na televisão têm de criticar para serem mais famosos. Não entendo."

Imprensa: "A imprensa quer pôr-me na primeira página porque sabe que vai vender. Habituei-me a viver assim. Não querem ver pessoas bem-sucedidas, querem trazer negativismo. Uma boa coisa é que não gosto de ler [jornais] porque 90% são lixo, não dizem a verdade. Mentem constantemente, estão sempre a atacar-me e à minha família. Porque hei de ler? Para me sentir mal?"

Ninguém tem tantos seguidores no Instagram: "Não sei a real razão, mas penso que sou carismático, sou uma fruta apetitosa, uma fruta que as pessoas querem trincar. Vamos dizer morango (risos), mas não sei a razão. Tenho coisas boas, mas tens de lidar com muitos obstáculos também. Cuido de quem gosta de mim, gosto de estar rodeado de pessoas que gostam de mim."