O ex-futebolista de Chelsea Gary Johnson afirma ter recebido cerca de 59 mil euros do clube londrino em troca do seu silêncio sobre as agressões de cariz sexual que terá alegadamente sofrido, refere hoje a imprensa britânica.

“Eles (Chelsea) pagaram-me para ficar calado. Provavelmente também terão pagado a outros jogadores pelo seu silêncio. Espero que nenhum clube cubra tais factos, pois ninguém deve escapar à justiça", disse Gary Johnson ao Daily Mirror.

Ainda de acordo com o ex-futebolista, presentemente taxista, de 57 anos, que representou o clube londrino de 1978 a 1981, o Chelsea pagou-lhe 50 mil libras (cerca de 59 mil euros) em 2015.

"O que me irrita é que quando eu lhes disse que tinha sido vítima de abuso, disseram-me para o provar", disse Gary Johnson, apontando como responsável o já falecido elemento da equipa de observação dos ‘blues’, de 1968 a 1979, Eddie Heath.

O ex-futebolista afirma que foi alvo de abuso repetidas vezes desde a idade de 13 anos por Eddie Heath e, segundo ele, outros jogadores também foram atacadas pelo mesmo homem.

O Chelsea adiantou já na quarta-feira que tinha contratado um escritório de advocacia para investigar um seu ex-funcionário "na década de 1970", já falecido, suspeito de ter cometido agressões sexuais a jovens futebolistas.

"O clube também contactou a FA (Associação de Futebol de Inglaterra), a fim de garantir que iria colaborar com a investigação em curso. Isto significa que irá transmitir à FA o resultado da investigação a este caso”, refere o clube em comunicado.

A FA e os clubes ingleses foram acusados de terem encoberto durante décadas inúmeros atos de pedofilia envolvendo um número ainda não determinado de vítimas, mas que poderá ser superior a 350, de acordo com um relatório divulgado quinta-feira pela Polícia.

Tudo começou em meados de novembro, quando Andy Woodward, de 43 anos, ex-jogador do clube Crewe Alexandra, relatou o seu calvário ao jornal Guardian.

Desde então, mais de vinte jogadores, incluindo vários antigos internacionais, vieram a público dizer que também tinham sido abusado sexualmente por um treinador ou observador.

Várias investigações foram entretanto abertas pela Scotland Yard, que desenvolveram ações em Londres, Manchester, Cambridge, Birmingham, Liverpool, Norwich, Newcastle, Escócia e País de Gales.