Há 34 anos, a 6 de novembro de 1986, Alex Ferguson era oficializado como o novo treinador do Manchester United, depois da saída de Ron Atkinson - que na sexta temporada ao serviço dos 'red devils' foi despedido devido aos fracos resultados da equipa no arranque da época.
Com uma carreira de futebolista com passagens por vários emblemas escoceses como Queen's Park, St. Johnstone, Rangers, Falkirk e Ayr United, Alex Ferguson chegou a Old Trafford depois de, em oito épocas no comando do Aberdeen, ter conquistado três campeonatos, quatro Taças, uma Taça da Liga, uma Taça dos Vencedores das Taças e uma Supertaça Europeia.
Pelo meio, o treinador escocês foi chamado para adjunto de Jock Stein na seleção da Escócia, que acabaria por falecer de ataque cardíaco durante um jogo frente ao País de Gales, que acabaria por garantir aos escoceses um lugar nos play-offs para o Mundial.
Depois da morte de Jock Stein, Alex Ferguson tomou o seu lugar e comandou a Escócia no Mundial, no qual a equipa conseguiu apenas um ponto na fase de grupos. A eliminação da seleção acabou por ditar a saída de Ferguson.
A chegada a Old Trafford
Depois da passagem pela seleção escocesa e de volta ao Aberdeen, que ocupava à altura o quinto lugar da classificação, Alex Ferguson recebeu o convite que acabaria por mudar a sua vida.
Com a saída de Ron Atkinson, o treinador escocês começou aquela que seria uma jornada inédita no futebol atual. Mas a partida para esta maratona não foi fácil.
Nos primeiros anos, o Manchester United continuou sem títulos. Em 1989, tudo mudou. Nesse ano, os 'red devils' conquistaram a FA Cup e no ano seguinte venceram a Taça das Taças.
Já em 1992/1993 chegou o tão desejado título de campeão inglês de futebol, graças a uma equipa que contava com Peter Schmeichel, Cantona e com os jovens David Bechkam, Ryan Giggs, Paul Scholes e Gary Neville.
O auge acabaria por ser atingido com uma reviravolta que ficou para a história.
A Liga dos Campeões
Corria o ano de 1999, quando Fergie, como era conhecido, levou o Manchester United até à final da Liga dos Campeões.
Num grupo que contava com Bayern de Munique, Barcelona e Brondby, os ingleses passaram aos quartos-de-final juntamente com alemães. Aí, encontraram o Inter de Milão. Depois de uma vitória na primeira mão por 2-0 com um bis de Dwight Yorke, em Old Trafford, os 'red devils' empataram a uma bola em Itália, mas venceram a eliminatória.
Já nas meias-finais, o Manchester United encontrou a Juventus. Na primeira mão, em casa, ingleses e italianos empataram 1-1 com um golo de Ryan Giggs para o United e de Antonio Conte para a Vecchia Signora. Na segunda mão, em Turim, a equipa de Alex Ferguson venceu por 3-2 e carimbou a passagem à final.
A 26 de maio de 1999, a noite terminou com muita alegria para os ingleses, mas não foi com alegria que começou. Em Camp Nou, o Manchester United reencontrou o Bayern de Munique, que já tinha enfrentado na fase de grupos. O marcador foi inaugurado logo aos cinco minutos de jogo por Mario Basler na sequência de um livre direto.
Os alemães fizeram uma grande exibição e os ingleses pareciam não ter pernas para dar a volta ao resultado... mas tiveram. Quando a tabuleta dos descontos foi levantada, o Bayern de Munique vencia ainda por 1-0. Mas, nos minutos finais, tudo mudou.
Aos 90+1 minutos, na sequência de um canto batido por David Beckham, no meio de uma grande confusão, Ryan Giggs rematou, a bola não entrou, mas Sheringham apareceu para resolver a situação. Estava assim feito o empate. Dois minutos depois, aos 90+3, o atual treinador do Manchester United, Ole Gunnar Solskjaer, fez o segundo dos ingleses e garantiu a vitória da Liga dos Campeões.
Depois disso, o Manchester United de Fergie conquistou ainda a Taça Intercontinental ao bater o Palmeiras na final.
Cristiano Ronaldo
A geração de craques do United foi deixando Old Trafford à medida que iam chegando novas estrelas, entre elas Cristiano Ronaldo.
No jogo de inauguração do Estádio de Alvalade, Alex Ferguson e os jogadores do Manchester United assistiram a uma bela exibição de um jovem madeirense de apenas 18 anos.
Rendido ao talento daquele jovem, o plantel do Manchester United chegou mesmo a pedir a contratação deste ao treinador. E Alex Ferguson conseguiu.
Já em Manchester, Cristiano Ronaldo pediu a camisola 28, com o número que usava no Sporting. Mas, Fergie entregou-lhe a mítica camisola 7, que antes tinha pertencido a David Beckham, Cantona, George Best e Bryan Robson.
Começava aqui a carreira internacional do Cristiano Ronaldo que hoje conhecemos.
Em 2007/2008, o jovem internacional português venceu aquela que foi a primeira (de muitas) Liga dos Campeões. A segunda para Alex Ferguson e a terceira para o clube (que tinha vencido a Taça dos Campeões Europeus em 1967/1968).
Na primeira época de CR7 em grande plano, o internacional português venceu ainda a Bota de Ouro com 31 golos apontados e a primeira Bola de Ouro.
Para tal, o Manchester United bateu os compatriotas do Chelsea na final da Liga dos Campeões, em Moscovo.
Cristiano Ronaldo marcou para o Manchester United, aos 26 minutos. Depois de um cruzamento de Brown, o internacional português voou para o primeiro golo da noite. Já aos 45 minutos, o atual treinador do blues, Frank Lampard, à altura jogador, marcou o golo do Chelsea e empurrou a decisão para as grandes penalidades, depois de o empate se manter no prolongamento.
Na marca dos onze metros, Cristiano Ronaldo foi o único a falhar do lado do Manchester United. Já nos blues, depois de uma escorregadela de John Terry, também Anelka falhou o alvo e entregou a orelhuda aos 'red devils'.
O princípio do fim
Depois da vitória em Moscovo, no ano seguinte, o Manchester United acabaria por perder a final da Liga dos Campeões para o Barcelona.
Pouco depois, Alex Ferguson perdeu o seu menino de ouro quando Cristiano Ronaldo disse adeus a Old Trafford para assinar pelos espanhóis do Real Madrid. No ano seguinte, os ingleses voltaram a perder a final da Liga dos Campeões... novamente para o Barcelona.
Mesmo assim, nesse ano, o Manchester United ainda celebrou, ao levantar a taça de campeão inglês.
Em 2012, tudo apontava para que os red devils voltassem a vencer a Premier League. Mas, no último suspiro, o vizinho City estragou os festejos.
Na última jornada, o Manchester United entrou nos descontos matematicamente vencedor do campeonato, mas Aguero marcou nos últimos minutos e entrou o título aos citizens.
Depois desta temporada, começaram a surgir os rumores que davam conta de uma eventual reforma para o lendário Fergie. Sem nunca comentar, Alex Ferguson reconquistou o campeonato em 2012/2013. E aí sim, disse adeus a Old Trafford.
A 19 de maio de 2013, “Sir” Alex Ferguson cumpriu o seu 1.500.º e último jogo pelos “red devils”, selado com um inesquecível 5-5 frente ao West Bromwich Albion. O United, que no mesmo dia se despediu de Paul Scholes, esteve a vencer por 3-0 e 5-2, mas sofreu três golos nos últimos 10 minutos.
O japonês Shinji Kagawa, o sueco Jonas Olsson, na própria baliza, os holandeses Alexander Buttner e Robin van Persie, melhor marcador da prova, com 26 golos, e o mexicano Javier Hernandez faturaram para os campeões.
Por seu lado, o belga Romelu Lukaku, entrado apenas ao intervalo, foi a grande figura dos visitados, ao conseguir um “hat-trick”, incluindo o 5-5 final, aos 86 minutos.
A despedida
Aos 71 anos e depois de 27 temporadas como treinador dos red devils, Ferguson deixou Old Trafford com mais de 30 troféus conquistados, entre os quais 13 campeonatos, cinco taças de Inglaterra, quatro taças da liga inglesa, sete supertaças inglesas, e a nível internacional duas Ligas dos Campeões, uma taça dos vencedores das taças (prova já extinta), uma supertaça europeia, uma taça intercontinental e um mundial de clubes.
David Moyes, na altura treinador do Everton, foi o sucessor de 'Sir Alex'.
Na altura, a saída de Alex Ferguson do comando técnico do Manchester United deixou uma série de figuras ligadas ao clube inglês e ao futebol mundial surpreendidas com a decisão do treinador escocês.
Cristiano Ronaldo manifestou-se através da sua conta pessoal da rede social Twitter, publicando uma fotografia do dia da sua apresentação no clube inglês junto a Alex Ferguson, com a legenda "Obrigado por tudo, chefe".
"Sabíamos que a sua retirada chegaria um dia e estávamo-nos a preparar para este momento, assegurando que a qualidade da equipa e da estrutura do clube se mantém em condições", sublinhou o então diretor executivo do Manchester United, David Gill.
Peter Schmeichel e o antigo médio dos 'red devils' Paul Ince jogaram juntos no emblema inglês sob as ordens do técnico escocês e mostraram-se "chocados" com a notícia, assim como ex-futebolista e avançado do United Dwight Yorke.
Por sua vez, Ruud van Nistelrooy considera um "privilégio único" ter sido treinado pelo "treinador mais bem-sucedido da história do futebol", enquanto o seu antigo companheiro Louis Saha afirma que Alex Ferguson foi "uma das pessoas mais importantes" da sua vida.
A hora da verdade
Apenas dois anos mais tarde, em 2015, Alex Ferguson revelou a verdadeira (e triste) razão por trás da sua saída do Manchester United.
Segundo explicou o antigo técnico escocês ao Telegraph, a decisão deveu-se à morte da irmã-gémea da esposa de 'Sir Alex', Cathy Ferguson.
"Numa noite eu vi que ela [Cathy Ferguson] estava a ver televisão e olhava para o teto. Eu sabia que ela se sentia isolada. Ela e a Bridget eram irmãs-gémeas, sabia? Quando desta vez lhe disse que me iria reformar ela não se opôs. Eu sabia que ela queria que eu fizesse isso", relatou Ferguson.
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