O treinador português José Mourinho viveu esta quinta-feira, sete anos depois, a sua segunda ‘chicotada’ da carreira de treinador principal de futebol, novamente ao serviço do Chelsea, com o qual tinha prolongado recentemente contrato até 2019.

“Se o clube está satisfeito, eu também estou. Penso que é normal que assine um novo contrato. É importante existir esta continuidade e espero que possamos ser ainda mais bem-sucedidos no futuro”, disse Mourinho, a 7 de agosto, depois de renovar. Em pouco mais de quatro meses, tudo mudou.

Uma pré-temporada sem vitórias e uma derrota na Supertaça inglesa a abrir a época oficial - a primeira face a Arsène Wenger (0-1 com o Arsenal) – não auguravam nada de bom e esse ‘estado de alma’ prolongou-se na ‘Premier League’, com os campeões num inacreditável 16.º lugar, após 16 rondas.

O desfecho hoje comunicado pelo clube londrino há muito parecia, aliás, iminente, pois, semana após semana, jogo após jogo, a anunciada recuperação jamais aconteceu, muito pelo contrário, pois foram-se sucedendo as derrotas

A de segunda-feira, no reduto do Leicester (1-2), surpreendente líder da Liga inglesa, foi a 11.ª da época, ao 25.º encontro – só somou mais desaires (12) na época 2013/14, a do seu regresso ao clube, mas em 57 encontros.

A segunda passagem de José Mourinho pelos londrinos termina, assim, da pior forma, se bem que o clube tenha conseguido um lugar nos oitavos de final da Liga dos Campeões, à custa do FC Porto, de Julen Lopetegui.

Em duas épocas e meia, o técnico português conquistou dois títulos, ambos na época passada, ao vencer o campeonato inglês, com apenas 27 pontos perdidos (em 2015/16 deixou fugir 33 e ainda faltam 22 jornadas), e a Taça da Liga inglesa.

No total, nos 136 jogos da sua segunda aventura como técnico dos londrinos, Mourinho venceu 80 (58,8 por cento), empatou 29 (21,3) e perdeu 27 (19,9), com 245 golos marcados e 121 sofridos, um saldo positivo de 124.

O mais importante foi, claramente, o título inglês de 2014/15, o quinto do clube e o terceiro sob o comando do técnico luso – os outros acontecerem em 1954/55 e em 2009/10, este último sob o comando do italiano Carlo Ancelotti.

Ainda assim, Mourinho voltou a não conseguir o que tanto queria, levar o Chelsea à vitória na Liga dos Campeões, o que já não alcançara na primeira passagem: chegou às meias-finais em 2013/14, repetindo 2004/05 e 2006/07.

O trajeto do técnico luso entre 2004/05 e 2007/08, época em que acabou afastado logo no início da época – após oito jogos, seis no campeonato -, foi, porém, muito mais bem-sucedido, a uma média de dois títulos por temporada.

Com a ajuda dos muitos milhões de Roman Abramovich, Mourinho, acabado de sagrar-se campeão europeu ao serviço do FC Porto, formou uma grande equipa em 2004/05 e venceu, desde logo a ‘Premier League’, feito repetido na época seguinte.

Além destas duas provas, o Chelsea ganhou ainda a Taça da Liga inglesa em 2004/05 e a Supertaça inglesa em 2005/06, naquela que seria a única vitória do português em quatro presenças na agora denominada Community Shield.

Em 2006/07, não conseguiu o ‘tri’, mas voltou a vencer a Taça da Liga inglesa e arrebatou ainda a Taça de Inglaterra, a famosa ‘FA Cup’, a única que conta no palmarés.

No total, a primeira passagem contou com um total de 185 jogos, com um saldo de 124 vitórias (67,0 por cento), 40 empates (21,6) e 21 derrotas (11,4), com um saldo positivo de 211 golos – 330 marcados e 119 sofridos.

Em termos globais, e somando as duas ‘eras’, Mourinho despede-se com 204 triunfos, 69 igualdades e 48 desaires (575-240 em golos) e passa a ser um ‘perigo’ para vários treinadores no ativo, isto se pretender voltar no imediato ao comando de outro clube. Interessados não faltarão.