Rúben Amorim vai tornar-se o sétimo português a treinar um clube da Liga inglesa de futebol, uma porta aberta há 20 anos pela mão de José Mourinho, que não tardou a justificar o autointitulado estatuto de ‘special one’.
Insuflado pela conquista da Liga dos Campeões (com o mérito adicional de o ter feito no comando do FC Porto, único clube nacional a erguer o troféu na era ‘Champions’), José Mourinho produziu a expressão que se lhe colou à pele, na conferência de imprensa de apresentação como técnico do Chelsea, numa manhã de junho de 2004.
Mourinho sagrou-se três vezes campeão inglês, em 2005, 2006 e 2015, em duas passagens pelo Chelsea, que já nadava nas libras que o oligarca russo Roman Abramovich despejava sobre Stamford Bridge, mas continuava a ostentar no palmarés um solitário título de campeão inglês, conquistado 50 anos antes.
O técnico natural de Setúbal chegou ao topo do futebol inglês nos ‘blues’, que comandou entre 2004 e 2007, e entre 2013 e 2015, e acreditou que poderia fazer o mesmo no Manchester United, mas foi incapaz de reeditar a glória de Londres num clube assombrado desde 2013 pelo 'fantasma' do escocês Alex Ferguson.
José Mourinho treinou os ‘red devils’ entre 2016 e 2018 e, apesar da conquista de uma Liga Europa, não conseguiu devolver o ansiado título nacional ao United, numa altura em que se assistia à ascensão do rival Manchester City. A passagem pelo Tottenham, entre 2019 e 2021, foi pouco memorável.
O sucesso de Mourinho em terras de Sua Majestade abriu caminho a outros técnicos portugueses, como André Villas-Boas, Marco Silva, Carlos Carvalhal, Nuno Espírito Santo, Bruno Lage e, agora, Rúben Amorim, novo ‘manager’ do Manchester United, que tentará triunfar onde José Mourinho falhou.
André Villas-Boas foi o primeiro a seguir-lhe, literalmente, as pisadas. Em 2011, rumou ao Chelsea, ainda ostentando os louros de uma conquista europeia no FC Porto, apesar de mais modesta, a Liga Europa, que Mourinho também tinha vencido no clube portuense, oito anos antes, então ainda sob a denominação de Taça UEFA.
A estada do atual presidente dos ‘dragões’ na capital inglesa foi substancialmente mais breve e menos proveitosa: André Villas-Boas permaneceu menos de um ano como técnico dos ‘blues’, entre 2011 e 2012 (saindo antes de o Chelsea se sagrar campeão europeu, com o italiano Roberto Di Matteo) e pouco mais do que isso no Tottenham, até 2013.
O ano de 2017 assistiu à chegada de dois treinadores lusos à Premier League. Marco Silva foi o primeiro, logo em janeiro, para orientar o Hull City, e Carlos Carvalhal aterrou em Swansea em dezembro (onde ficou apenas cinco meses), já depois de o compatriota ter trocado os 'tigers' pelo Watford.
Marco Silva manteve-se cerca de meio ano nos segundos ‘hornets’ mais famosos (depois da equipa da Liga Norte-americana de basquetebol), antes da passagem pelo Everton, entre 2018 e 2019, e pelo Fulham, que se iniciou em 2021 e no qual continua de pedra e cal.
Com quatro equipas inglesas no currículo, Marco Silva é o técnico português que conhece mais bancos de suplentes em Inglaterra, a par de Mourinho, e um dos três em atividade no mais importante campeonato europeu, em conjunto com Nuno Espírito Santo e, agora, Rúben Amorim.
Atual técnico do Nottingham Forest, pelo qual foi contratado no fim do ano passado, Nuno Espírito Santo entrou no futebol britânico em 2017 com menos pompa, numa equipa do Wolverhampton a disputar o Championship, o segundo escalão inglês, que o português promoveu ao principal logo na época de estreia.
Nuno Espírito Santo só deixou os ‘wolves’ em 2021 e foi substituído por Bruno Lage, mas a mudança não foi favorável a nenhum deles: o primeiro resistiu escassos quatro meses no Tottenham, clube nefasto para os treinadores nacionais, e o segundo, atualmente no Benfica, ficou pouco mais de uma temporada na cadeira ocupada pelo compatriota durante quatro anos.
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