Alípio Matos, histórico treinador de futsal, concedeu uma entrevista ao jornal A Bola esta segunda-feira, onde recordou o que passou com a COVID-19, doença que o levou a estar internado durante duas semanas.

Já em casa a restabelecer-se depois de o novo exame ter dado negativo, o técnico explica o que sentiu no início da doença, bem como a fase em que esteve internado, sem receber visitas, entre 25 de março e 8 de abril.

"Não tinha tosse, só falta de apetite. Andava com temperaturas entre os 37 e 38 graus, sentia vómitos após comer e aguentei-me uma semana assim, aqui em casa. Fiz um teste no dia 23 de março e deu negativo. Dois dias depois continuava com os mesmos sintomas e, por isso, liguei para a linha Saúde 24, onde me aconselharam a ir ao hospital. Fui lá e já não saí, porque me fizeram o teste e deu positivo", começou por contar Alípio Matos.

"Eu ali, com a minha roupa, sentado num banco... Pegaram-me no braço para me darem a notícia de que o teste estava positivo e tinha de ficar internado. Senti-me a morrer. Estava completamente sozinho. Depois lá tive de arranjar força e dar a notícia à minha filha. Nem consegui ligar à minha mulher, porque não queria enervá-la, não conseguia falar com ela nem ela comigo", contou o antigo treinador de futsal, que passou pelo Benfica e Belenenses.

"Olhe, sinceramente, parece que foi milagre. Provavelmente, se tivesse ido um ou dois dias mais tarde seria fatal. Tive sorte de não ter outras doenças, isso deve ter-me ajudado. E dentro do azar, foi a tal sorte de entrar a tempo no hospital e atacarem logo aquilo", disse.

Alípio Matos admite que chegou a temer o pior e aconselha a que todos "desconfiem de tudo" e que "estejam em alerta máximo".

"Confesso: fiz retrospetiva rápida da minha vida e pensei... se tiver que morrer, morro já, não há problema nenhum. Morrer não custa. (...) Quando parei e percebi a situação em que estava, dei por mim a pensar 'estou lixado, vou morrer!...'", recordou.