O novo estádio de Alvalade custou mais 80 milhões de euros do que o valor inicialmente previsto para a obra, o que significa um desvio de 75 por cento, segundo a auditoria à Gestão do Grupo Sporting.

O valor estimado para a construção do novo estádio, a 27 de abril de 2000, foi de cerca de 106 milhões de euros (ME) e o custo total ascendeu a 184 ME, de acordo com os resultados da auditoria de gestão a apresentar pelos atuais órgãos sociais no domingo, em Assembleia-Geral do clube, e à qual a Agência Lusa teve acesso.

A auditoria, que vai das presidências de Santana Lopes e de José Roquette, em junho de 1995, até ao final do mandato de Godinho Lopes, em março de 2013, revela que a 20 de fevereiro de 2002 foi apresentada uma nova estimativa de custo de 137,750 ME, ou seja, um desvio de 31,756 ME, o que corresponde a um acréscimo de 30 por cento face ao valor apontado em abril de 2000.

“O valor final da obra representa um desvio de 75 por cento do investimento inicialmente previsto e um desvio de cerca de 35 por cento (48 ME) face ao valor de investimento revisto e apresentado em fevereiro de 2002”, pode ler-se no documento.

Em relação às empreitadas com os principais empreiteiros fornecedores, que representam cerca de 91 por cento do valor da obra, verifica-se, de acordo com as conclusões da auditoria, que “os valores dos contratos iniciais ascendiam a cerca de 125 ME e o valor final das empreitadas ascendeu a cerca de 155 ME, ou seja, um desvio de cerca de 24 ME”.

Ainda sobre o novo estádio de Alvalade, fica-se a saber que foi construído num terreno ao lado do velho estádio, mas que o projeto inicial era para ser edificado no mesmo local, mudança essa feita “em manifesta contradição com o PDM da cidade de Lisboa”, cuja justificação não é identificada, ao contrário das consequências que se traduziram em “significativos atrasos na alienação de património com o consequente impacto financeiro negativo”.

Outra conclusão da auditoria, que foi uma promessa eleitoral do atual presidente Bruno de Carvalho, revela que o Sporting “tinha um património imobiliário de 55 ME e uma dívida bancária quase inexistente, e em meados de 2013 o património imobiliário era quase inexistente e a dívida bancária ascendia a 331 ME”.

De 1995 a 2013 geraram-se receitas de negócios imobiliários no valor de 174,401 ME, mas as receitas “não permitiram, ao contrário do que foi anunciado de forma sucessiva nas Assembleias-Gerais, reduzir significativamente o passivo bancário do Grupo SCP nem financiar os avultados investimentos dos projetos de construção do novo estádio e do centro de estágio”.

Para isso contribuiu o facto de as receitas “terem sido canalizadas para a equipa de futebol, tendo sido investidos, naquele período, 261 ME”.

“Os financiamentos apresentaram uma tendência crescente e vertiginosa, passando de uma situação de endividamento quase inexistente (564 mil euros em 31 de dezembro de 1994) para uma dívida acumulada que ascende a 283 ME a 30 de junho de 2013”, revela, ainda, a auditoria.