Foi um domingo tranquilo para o Benfica, numa 20.ª jornada agitada na véspera pelo adiamento do jogo do rival e líder da classificação, o Sporting, na visita a Famalicão. Alheias a tudo isso, sem terem de enfrentar a mesma dor de cabeça que os leões, as águias cumpriram a sua parte e venceram sem grandes dificuldades na Luz um Gil Vicente praticamente inoperante ao longo dos 90 minutos do encontro.
O triunfo por 3-0 permitiu a subida ao primeiro lugar da tabela classificativa. À condição, claro, com mais um jogo disputado do que o Sporting. Mas o facto é que o Benfica está agora na frente, com mais dois pontos do que o rival. Depois logo vê o que este fará em Famalicão, quando se encontrar uma data para jogar. Até lá, a verdade é que os encarnados fizeram o que lhes competia e passaram a pressão para o lado dos verdes e brancos.
Foi a sétima vitória seguida do Benfica na Primeira Liga. E, talvez, a mais fácil dessas sete. As águias talvez até tenham realizado exibições mais agradáveis nos anteriores seis triunfos, mas em todos eles passaram por maiores ou menores sobressaltos. Algo que não aconteceu no final de tarde de domingo. O primeiro golo apareceu à passagem do quarto de hora e o segundo pouco depois da meia hora, ambos no seguimento de pontapés de canto. Mais do que sufocar o adversário em termos ofensivos e criar muitos lances de perigo, o Benfica soube, sobretudo, evitar que o Gil Vicente conseguisse ameaçar, sequer, a sua baliza.
Mérito, talvez, para as mexidas introduzidas por Roger Schmidt no onze: Florentino substituiu João Mário no meio-campo, Alexander Bah regressou e foi titular no lado direito da defesa, com Kokçu a ficar no banco e Aursnes a poder, enfim, deixar de ser lateral direito para atuar como médio. Mudanças que terão conferido maior consistência em termos de recuperação defensiva, evitando possíveis transições dos gilistas. O desfecho foi um triunfo fácil, selado depois com um golo no arranque da segunda parte. A partir daí foi gerir o resultado, porque desafios mais certamente mais complicados se seguirão nas próximas duas semanas (Vizela, fora, para a Taça, V.Guimarães, fora, para a Liga, Toulouse, em casa, para a Liga Europa).
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O jogo: Muito fácil para as águias
O Benfica entrou com intensidade e cedo atirou uma bola ao poste, num cabeceamento de Arthur Cabral, em jeito de 'preview' daquilo que iria suceder alguns minutos mais tarde, numa altura em que as águias até pareciam estar a perder algum do fulgor inicial. Di María bateu um pontapé de canto da esquerda, direito à cabeça de Arthur Cabral que, desta feita, com um excelente gesto técnico, não perdoou.
As águias ganhavam vantagem cedo no jogo e - ao contrário de outras ocasiões - logo à segunda ocasião de golo criada. Nos minutos seguintes o Gil Vicente conseguiu ter algum tempo de posse de bola no meio-campo encarnado, mas sem nunca importunar Trubin. E foi o Benfica que voltou a marcar, praticamente na oportunidade de golo seguinte que criou. Outra vez no seguimento de um pontapé de canto batido por Di María na esquerda, a bola chegou a Otamendi, que desviou de cabeça para o segundo poste. Aí, João Neves, inteligente, soube usar o corpo para ganhar sobre um adversário, antes de mostrar toda a sua qualidade técnica para tirar outro adversário do caminho e, mesmo já em esforço, atirar de trivela para o fundo das redes.
A vencer por 2-0 e com o Gil Vicente a continuar a mostrar muitas dificuldades para criar algo sempre que chegava junto da grande área contrária, o Benfica tinha o jogo na mão ao intervalo, mesmo sem criar muitos lances de perigo. E se dúvidas subsistiam, ficaram dissipadas logo no quarto minuto da segunda parte. Desta feita num lance de bola corrida, bem trabalhado entre Morato, Aursnes e Rafa, este último, já dentro da área, ajeitou e rematou colocado, a meia altura, para o 3-0 final.
Faltavam ainda 41 minutos para os 90, mas o resultado não mexeu mais. O Benfica não acelerou muito mais, Roger Schmidt foi mexendo na equipa e as águias não criaram muitos mais lances de perigo, enquanto o Gil Vicente continuou a mostrar uma considerável inoperância ofensiva, exceção feita a um remate, à entrada para os dez minutos finais, que permitiu a Trubin mostrar que também lá estava para o que fosse preciso.
O momento: Golo cedo abriu caminho a triunfo tranquilo
Minuto 15. Arthur Cabral já tinha deixado um aviso, dez minutos antes, num cabeceamento até mais fácil e em que podia ter feito melhor, mas que acabou no poste. À passagem do quarto de hora, contudo, o brasileiro não perdoou e respondeu a um cruzamento com conta peso e medida de Di María na cobrança de um canto com uma cabeçada perfeita, como mandam as regras, inaugurando o marcador e lançando a sua equipa para uma vitória fácil. Foi o seu segundo jogo seguido a marcar. E, depois de um início de temporada menos conseguido, já leva sete golos de águia ao peito.
A figura: Di María e um pé esquerdo que põe a bola onde quer
Arthur Cabral marcou o golo que abriu caminho ao triunfo e teve mais alguns bons pormenores. João Neves foi, como sempre, incansável e marcou um golo de grande classe. Rafa também fez o gosto ao pé, já na segunda parte. Florentino foi importante no meio-campo, tal como Aursnes. Mas foi da qualidade do pé esquerdo de Di María que nasceram os lances que permitiram ao Benfica caminhar desde cedo para uma vitória fácil. E para além de bater na perfeição os pontapés de canto dos quais nasceram os dois primeiros golos das águias (também já tinha sido ele a cruzar para o cabeceamento de Arthur Cabral ao poste logo a abrir), o argentino deu ainda dores de cabeça à defesa contrária em diversas ocasiões.
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