O Benfica fez, na receção ao último classificado da I Liga, o suficiente para ganhar e manter assim distâncias para o líder Sporting. Mas um triunfo que nunca esteve em causa durante 90 minutos podia ter acabado por fugir no período de descontos.

Foi 'um jogo com duas partes'. É um daqueles clichés que muitas vezes se usam no futebol, mas que se aplica na perfeição ao Benfica-Portimonense da 11.ª jornada da I Liga. É que ao longo da primeira parte, sobretudo na primeira metade do primeiro tempo, as 'águias' mostraram uma intensidade e jogaram com uma velocidade que não permitiu quaisquer veleidades a um adversário que mostrava o porquê de segurar a 'lanterna vermelha'.

Muito por culpa de Rafa que, inspirado, cedo deu muitas dores de cabeça à defesa da turma de Portimão. Resultado: uma assistência (para Darwin) e um golo. 2-0 ao fim de 23 minutos, algumas jogadas requintadas e um adversário inofensivo. Tudo resolvido, pensou-se.

E foi isso que terão pensado, também, os jogadores do Benfica que, a pouco e pouco foram abrandando, relaxando e, como se costuma dizer, 'colocando-se a jeito'. O Portimonense, mesmo sem muitas armas, foi subindo mais e mais vezes no terreno na segunda parte, marcou em cima do minuto 90 e passou os seis do período de descontos instalado no meio campo do Benfica, a despejar bolas para a grande área que podiam ter ditado outro resultado. Não que a turma de Jorge Jesus tenha acabado com o coração nas mãos. Mas um jogo em que o Benfica parecia caminhar para uma vitória categórica acabou por valer apenas pela conquista de três pontos, com um triunfo pela margem mínima.

O jogo: Entrar com tudo, acabar a sofrer

Vindo de uma derrota na Supertaça frente ao rival FC Porto, que colocou fim a uma série de nove jogos seguidos sem perder, o Benfica entrou forte no jogo. E, embalado por Rafa, chegou ao golo ao minuto 13, na sequência de uma bonita jogada coletiva. Rafa tocou de calcanhar para Waldschmidt, voltou a receber o esférico, já isolado dentro da grande área do Portimonense e tocou para o lado, rasteiro, para Darwin, que só teve de atirar para o o fundo da baliza.

O 2-0 não tardou, na sequência de mais uma jogada de elevado requinte técnico. A bola passou por vários jogadores sempre ao primeiro toque, o lance pareceu perdido mas, desajeitada, a defesa do Portimonense não conseguiu aliviar e o esférico sobrou para Rafa. Depois de assistir, o internacional português marcou. Decisivo. Com uma entrada forte, aos 23 minutos o Benfica já ganhava por 2-0.

Mas baixou a intensidade. O Portimonense criou perigo pela primeira vez no final do primeiro tempo e ganhou confiança à medida que o segundo tempo foi avançando, com o Benfica - apesar de Darwin ainda ter, isolado, enviado uma bola ao poste - a parecer apenas interessado em deixar o relógio correr. Até que, em cima do minuto 90, os de Portimão marcaram mesmo.

Anderson lançou Moufi, que cruzou para a área. Beto ganhou nas alturas e cabeceou, a bola desviou em Gilberto e traiu Vlachodimos. Os visitantes reduziam para 2-1 e tinham todo o período de descontos para acreditarem em ser felizes. Não conseguiram, mas pressionaram e a bola ainda rondou por várias vezes a grande área 'encarnada'...

O momento: Rafa desenha e finaliza o lance do 2-0

Minuto 23. Endiabrado, Rafa, que já tinha estado na origem do primeiro golo, embala para mais um lance de ataque do Benfica que leva a bola a passar pelo pé de vários jogadores. A bola pareceu perdida, mas voltou aos pés do internacional português, que aproveitou para rematar para o fundo das redes.

O melhor: Rafa (sempre ele) e pouco mais

O Benfica jogou ao ritmo de Rafa Silva. Arrasador, o extremo internacional português desequilibrou por completo a defesa do Portimonense com a sua velocidade e as suas arrancadas verticais rumo à baliza contrária durante o primeiro tempo. Serviu Darwin de bandeja no primeiro golo e assinou ele mesmo o segundo, finalizando uma jogada por si desenhada e em que mereceu a sorte que acabou por ter nos ressaltos. Quando, na segunda parte, Rafa abrandou, o Benfica também...elucidativo.

O pior: Portimonense demasiado inofensivo durante demasiado tempo

Último classificado da I Liga, o Portimonense mostrou no Estádio da Luz o porquê de estar na cauda da tabela. A turma algarvia mostrou fragilidades a defender (como ficou bem patente no lance dos dois golos do Benfica) e não foi capaz de criar real perigo (exceção feita ao lance do golo) a atacar, mesmo com o adversário adormecido e a ceder-lhe a posse de bola.

Estatísticas e curiosidades

- O Portimonense dispôs de mais tempo de posse de bola do que o Benfica: 54%, contra 46% das 'águias'.

- Darwin Nuñez voltou aos golos depois de seis jogos sem marcar no conjunto de todas as competições pelo Benfica; para a I Liga não marcava desde 26 de outubro, na receção ao Belenenses SAD. Foi o seu sétimo golo de 'águia ao peito' em 19 jogos.

- O Benfica somou a sua terceira vitória seguida por 2-1 na I Liga. Foi o quarto triunfo consecutivo das 'águias' na prova, depois de duas derrotas seguidas.

- O Portimonense continua sem nunca ter ganho no terreno do Benfica: 4 empates e 21 derrotas em 25 jogos.

As reações

Jorge Jesus: "Tivemos medo do resultado e de poder não ganhar"

Paulo Sérgio: "Fomos simpáticos, não incomodámos...mas há uma grande penalidade clara"

Rafa: "Vamos lutar por todos os objetivos, não queremos facilitar" 

Dener: "Se tivéssemos feito o golo mais cedo..."

O resumo