
O Benfica perdeu pontos em casa pela segunda vez esta época na Primeira Liga, ao empatar 2-2 com o Arouca, na 29.ª ronda da prova. Os Encarnados, que tinham perdido no mesmo estádio com o SC Braga, deixaram-se apanhar pelo Sporting na liderança, após uma exibição cinzenta, completamente diferente da mostrada na semana passada quando golearam no Dragão o FC Porto.
São mais dois pontos a voar nos descontos, tal como aconteceu fora de portas diante do Aves SAD.
O jogo terminou em polémica, com o Benfica a criticar a arbitragem, pela grande penalidade que resultou no primeiro golo dos arouquenses.
O melhor do Benfica-Arouca em imagens
O jogo: Um empate que não estava nos planos
Assim que soou o apito final do Benfica 2-2 Arouca, os internautas começaram a fazer antevisões sobre o que resta da I Liga de futebol, e a fazer comparações com situações do passado. Na mente de muitos benfiquistas ecoou o empate com o Estoril na época 2012/13 na Luz, antes da deslocação ao Dragão. Vencendo os canarinhos, o Benfica nunca perderia a liderança no campo do FC Porto mas, não ganhando, estaria obrigado a pontuar na casa do arquirrival: perdeu nos descontos com um golo de Kelvin e, no final, viu os Dragões fazerem a festa após ganharem ao Paços de Ferreira na última ronda.
A situação é diferente até porque ainda faltam cinco jogos, entre eles um escaldante Benfica-Sporting na Luz, mas o empate com o Arouca avivou a memória dos mais cépticos adeptos Encarnados. Um empate difícil de entender, pela forma como surgiu.
Porque será difícil explicar como, uma equipa que lidera a I Liga com mais dois pontos que o principal perseguidor, deixa-se empatar aos 90+6 minutos, num lance de ataque rápido em que chegou a ter superioridade numérica em relação ao adversário e apanha-se, de repente, numa situação de três contra três na sua área. Digo três contra três porque o Schjelderup fez que acompanhava o Weverson, mas só o fez com os olhos.
O jovem avançado, fresco, devia ter acelerado para proteger a sua baliza e não deixa a bola entrar nessa zona. Em vez disso, ficou a marcar com os olhos, sempre com o adversário à sua frente: não fechou o espaço, não marcou quem devia ter marcado.
O Benfica nunca podia ter sofrido esse golo na Luz nos descontos (não que Arouca não tivesse capacidade para marcar), perante uma equipa muito desfalcada, que luta pela permanência. Não quando está a lutar taco-a taco com o Sporting pelo título.
O golo do empate surgiu depois de o Arouca ter tentado ser feliz, ao fazer as suas cinco substituições após o minuto 85, colocando gente fresca na frente para ferir o Benfica. Um Benfica nervoso, sem calma para 'matar' o jogo, com alguns elementos abaixo do habitual, que raramente mostrou 'sangue nas guelras' para acabar com as aspirações dos Lobos.
Quando o Arouca voltou melhor para a segunda parte, a seguir ao 0-0 dos primeiros 45 minutos, ficou patente que o Benfica teria de fazer algo diferente para ficar com os três pontos. E quando fez o 2-1, aos 80 minutos, após Yalcin ter empatado, de penálti, aos 72 minutos, 12 minutos após o 1-0 de Kokçu, esperava-se que a equipa tivesse capacidade para entender a importância dos três pontos. Era preciso ter bola, trancar a baliza e, se possível, 'matar' o jogo com o 3-1. Não 'matou' e acabou a lamentar.
Um lamento que os adeptos Encarnados esperam não ter para os próximos anos.
Polémica: penálti de Otamendi sobre Jason é bem marcado?
Aos 67 minutos, Jason caiu na área do Benfica em lance com Otamendi. O argentino fez um carrinho para cortar a bola mas esta foi desviada pelo espanhol que bateu na cabeça do jogador do Benfica e caiu. O árbitro, António Nobre, bem colocado, assinalou grande penalidade. O VAR Luís Godinho achou que não e alertou o juiz que, após rever a jogada no monitor, manteve a sua decisão, para desespero do Benfica.
Momento-chave: um golo que pode decidir o título
Aos 90+6 minutos, o Arouca saiu em ataque rápido, com seis jogadores, contra oito do Benfica, no meio-campo Encarnado. Um passe de Alex Pinto para Dylan Berrutti nas costas de Alvaro Carreras provocou uma situação de três contra três. Dylan meteu na área, Schjelderup não acompanhou Weverson e deixou o jogador sozinho, para uma finalização fácil. Difícil entender como o Benfica, a ganhar nos descontos, sofre um golo destes.
Os Melhores: Kokçu bem tentou...
Orkun Kokçu foi dos melhores em campo. Não só pelo golaço que colocou o Benfica na frente e pelo passe para o 2-1 de Pavlidis, mas por tudo o que fez. Muitos dos lances de perigo dos encarnados, principalmente em transições, saíram dos pés do médio turco. Comandou os ataques do Benfica e merecia mais homens inspirados para ajudar na conquista dos três pontos.
Em noite 'não': Di Maria desaparecido
Com a luta renhida com o Sporting para o título, o Benfica precisa dos seus jogadores mais experientes nesta ponta final. E quando precisou de Di Maria, o argentino ausentou-se. Nos 70 minutos em que esteve em campo, fez quatro cruzamentos... para fora, dois remates fora do alvo, tendo perdido quase sempre nos duelos. Zero impacto no jogo.
O Benfica acabou o jogo com 26 remates, mas apenas oito foram em direção à baliza. Muita precipitação dos de Bruno Lage na hora de disparar. Pedia-se mais calma.
Reações:
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