Foi preciso Bruno Lage ir ao banco de suplentes para encontrar a solução para a conquista dos três pontos frente ao Vitória de Setúbal. Um golo solitário de Carlos Vinícius permitiu aos encarnados sair do Estádio da Luz com a vitória na noite deste sábado frente ao Vitória de Setúbal. A equipa de Bruno Lage teve algumas dificuldades para furar a muralha defensiva dos sadinos, muito por culpa própria, e só conseguiu chegar aos três pontos com a ajuda de um avançado que esteve afastado da competição no último mês devido a lesão.

Três dias depois da entrada em falso na Taça da Liga, com um empate (0-0) frente ao Vitória de Guimarães, Bruno Lage havia apelado à compreensão dos adeptos, que voltou a ser colocada à prova. Ainda assim, as bancadas da Luz não foram tão compreensiva e em certos momentos ouviram-se alguns assobios, muitos deles também dirigidos à equipa de arbitragem liderada por Tiago Martins.

O Jogo: Desacerto encarnado quase saía caro, não fosse o golo de Vinícius

Perante um adversário que fechou praticamente todos caminhos para a baliza, os ‘encarnados’ tiveram de lutar e muito até chegar na segunda parte ao triunfo. Com sete mudanças no ‘onze’ em relação à partida com os vimaranenses, os campeões nacionais voltaram a apostar num esquema de 4x4x2, mas Bruno Lage surpreendeu ao desfazer a dupla Seferovic-RDT, relagando o espanhol para o banco e colocando Gedson no apoio ao suíço.

Na véspera, durante a antevisão ao encontro, Bruno Lage tinha pedido paciência frente àquela que era a segunda defesa menos batida do campeonato nacional à partida para esta jornada, e os jogadores levaram a mensagem à letra nos minutos iniciais. Com uma circulação de bola fluida e em busca dos espaços, faltou, porém, a inspiração. De destacar ainda um facto curioso. Das goleadas na Luz, passou-se para vitórias pela margem mínima. É que nos últimos cinco jogos realizados em casa revelam uma tendência mais cinzenta do Benfica: apenas um golo em todas as primeiras partes desses encontros.

Apesar do domínio no terreno de jogo ser avassalador, os campeões quase não criavam perigo junto da baliza adversária. Os sadinos organizavam-se bem na defesa e quase abdicavam do ataque, jogando com a ansiedade do anfitrião e dos seus adeptos. O remate de Pizzi, aos 35 minutos, para defesa de Makaridze foi a única oportunidade clara de golo no primeiro tempo, o que é demostrativo da prestação cinzenta das águias no primeiro tempo.

O intervalo trouxe consigo alguns assobios vindos das bancadas da Luz. Os adeptos encarnados estavam descontentes com a falta de qualidade do futebol apresentado pela sua equipa e o facto de os campeões nacionais terem contado com apenas um remate enquadrado com a baliza nos primeiros 45 minutos agudizou a situação.

Bruno Lage percebeu que a sua equipa precisava de um reforço no que toca à construção de jogo e transições defesa-ataque, e ao intervalo decidiu deixar Fejsa no balneário e colocar em campo Gabriel. Esta alteração não teve efeitos imediatos e foram mesmo os forasteiros que tiveram três oportunidades nos primeiros 10 minutos do segundo tempo para inaugurar o marcador.

A ineficácia dos sadinos foi contraposta pela aposta certeira de Bruno Lage em Carlos Vinícius. Bastaram quatro minutos em campo (tinha entrado aos 59') e dois toques do avançado – que não jogava desde 1 de setembro – para fazer o que ainda não tinha sido feito. O brasileiro marcou dois golos em 68 minutos com a camisola do Benfica.

A vantagem no marcador nunca deu tranquilidade aos jogadores e foi preciso uma boa dose de trabalho para segurar os três pontos. Taarabt acabou por ser expulso com cartão vermelho direto pelo árbitro Tiago Martins aos 80 minutos. Em superioridade numérica, o Vitória pressionou em busca do empate, mas sem ter o seu bom fim.

Confira o resumo do encontro:

Momento do jogo: Golo de Carlos Vinícius

Pode-se dizer que Bruno Lage tirou um colho da cartola com a entrada de Carlos Vinícius. O brasileiro, acabado de regressar de lesão, foi chamado ao terreno e precisou de apenas quatro minutos para marcar aquele que viria a ser o golo da vitória. Depois de alguns ressaltos, o avançado brasileiro dominou a bola e atira à meia-volta. Antes, Makaridze defendeu o desvio intencional de Ferro, mas depois não conseguiu travar o remate do brasileiro.

Melhores

Carlos Vinícius - Foi o trunfo que Bruno Lage lançou no encontro para desbloquear a partida. Saltou do banco aos 59 minutos e fez o golo da vitória aos 64. Soma dois golos em menos de um jogo completo ao serviço da equipa de Lage.

Gabriel - Bruno Lage colocou-o em campo ao intervalo para fazer esquecer o 'apagão' de Fejsa no primeiro tempo. Foi uma aposta ganha porque o brasileiro trouxe com ele a pressão, o passe, e o apoio defensivo mais forte.

Bruno Pires (Pirri) - Foi o rosto da solidez defensiva do Vitória de Setúbal durante a partida. Levou quase sempre a melhor nos duelos com Seferovic e a sua noção de ocupação de espaço fez com que o suíço ficasse muitas vezes fora de jogo.

Makaridze - Tem sido uma das figuras em destaque neste arranque de temporada dos sadinos, que até à entrada da jornada eram a segunda defesa menos batida do campeonato. Fez duas boas defesas, e esteve em bom plano nas saídas (6) quer pelo ar, quer pelo solo.

Piores

Fesja - Mais uma má exibição do sérvio. Está claramente em baixo de forma e foi uma unidade a menos na equipa durante a primeira parte, daí que depois tenha sido substituído ao intervalo.