Fácil, tranquila, natural e sem necessidade de deslumbrar. Foi assim a terceira vitória consecutiva do Benfica na I Liga, quarta no conjunto de todas as provas. E foi assim muito por culpa da expulsão madrugadora de Chidozie, que tirou qualquer ímpeto futebol jogo de um Boavista que até tinha sido o primeiro a criar relativo perigo, mas também graças à inspiração do jovem Diogo Gonçalves e à continuidade da veia goleadora de Haris Seferovic.
Titular no lado direito de defesa encarnada pela quarta vez nos últimos cinco jogos, o jovem 'camisola 17' das 'águias, realizou, talvez, a sua melhor exibição pela equipa principal do conjunto da Luz, fazendo com grande categoria as assistências para os dois golos. Dois golos assinados pelo suíço Seferovic, que desta forma bisou pelo segundo jogo seguido. O internacional helvético, é verdade, continua a desperdiçar muitas ocasiões de golo (voltou a fazê-lo frente ao Boavista), mas a verdade é que é que já leva 13 golos nesta I Liga, 17 no conjunto de todas as competições, e é de longe o maior goleador da equipa.
Mas os méritos de um Benfica que se vem agora mostrando bem mais consistente, não se ficam por aí. Mesmo sem se exibir a um nível muito elevado, a turma de Jorge Jesus somou o quarto jogo seguido sem sofrer golos e o quinto consecutivo a marcar sempre mais do que um golo.
Quanto ao Boavista, que na primeira volta tinha imposto ao Benfica a sua primeira derrota na I Liga, e logo por 3-0, ficou bem longe de repetir essa exibição que havia protagonizado no Estádio do Bessa. Se conseguiria ter feito melhor se não se tivesse visto tão cedo reduzido a dez jogadores é algo que nunca se saberá. O cartão vermelho a Chidozie marcou, inevitavelmente, o encontro...
O jogo: Partida de sentido único depois de uma expulsão madrugadora
Curiosamente, até foi o Boavista a primeira equipa a visar com relativo perigo a baliza contrária. Elis, numa iniciativa individual, entrou na grande área contrária e tentou o remate colocado, em arco, mas este saiu por cima da baliza de Helton Leite.
Mas, praticamente na jogada seguinte, Waldschmidt dominou com categoria um passe de Pedrinho e seguia para a área e cai no duelo com Chidozie. Manuel Mota, inicialmente, assinalou penálti, e mostrou cartão amarelo ao defesa nigeriano. Porém, alertado pelo VAR, foi rever as imagens e considerou que a falta foi, afinal, cometida fora da grande área. O penálti passou a livre direto fora da área, mas o cartão amarelo passou a vermelho.
E, reduzido a dez jogadores ao fim de oito minutos de jogo, o Boavista viu-se remetido à sua defesa a partir daí. O Benfica instalou-se no meio campo adversário e começou a criar mais e mais perigo. Seferovic foi perdendo os primeiros duelos que travou com Léo Jardim, guarda-redes dos visitantes, mas já perto do intervalo acabou mesmo por marcar.
Arrancada fantástica de Diogo Gonçalves, que deixou para trás um defesa do Boavista, foi à linha de fundo e cruzou tenso e rasteiro para o ponta-de-lança suíço, que dali não tinha como falhar.
O Benfica foi, então, para o intervalo em vantagem e se dúvidas ainda restassem quanto ao vencedor do encontro, elas ficaram desfeitas logo a abrir o segundo tempo. Outra vez Diogo Gonçalves a cruzar, desta vez pelo ar, e novamente Seferovic a marcar, agora de cabeça.
A partir daí, o Benfica e Jorge Jesus entraram em modo de gestão, com o jogo totalmente controlado. Os lances de perigo das 'águias' continuaram a surgir, amiúde, e Seferovic até voltou a colocar a bola no fundo das redes, na recarga a um cabeceamento do regressado Darwin Nuñez ao poste, mas estava em posição irregular, pelo que o resultado não sofreu mesmo mais alterações, numa noite tranquila para o Benfica.
O momento: Penálti 'anulado' e expulsão
Minuto 4. Pedrinho toca a bola para Luca Waldschmidt e este, com um gesto técnico soberbo, foge a Chidozie e progride em direção à grande área do Boavista, mas acaba derrubado pelo defesa nigeriano. O árbitro Manuel Mota começa por assinalar grande penalidade e mostrar cartão amarelo ao jogador axadrezado. Mas, por indicação do VAR, reviu as imagens, acabando por 'anular' o penálti, mas por mudar o cartão exibido a Chidozie de amarelo para vermelho. Com mais de 80 minutos para jogar, dificilmente o desfecho do encontro seria diferente do que foi...
Os melhores: Diogo Gonçalves e Seferovic
Quando dois jogadores fabricam os dois golos do jogo, não há muito mais a dizer. Um a assistir, outro a marcar, Diogo Gonçalves e Haris Seferovic foram decisivos no triunfo do Benfica
O pior: Chidozie
O defesa central nigeriano de 24 anos, emprestado pelo FC Porto ao Boavista, foi completamente batido por Waldschmidt no lance da expulsão e acabou por recorrer à falta para travar o alemão. O cartão vermelho que, em última instância, acabou por lhe ser exibido condicionou irremediavelmente a atuação da sua equipa na Luz.
Estatísticas e curiosidades
- Seferovic chegou aos 13 golos na I Liga 2020/21, em 20 jogos; na temporada passada ficou-se pelos cinco golos em 30 jogos.
- O Benfica não sofreu golos pelo quarto jogo seguido no conjunto de todas as competições. Antes desta sequência, esta época as 'águias' ainda não tinham estado mais do que dois jogos seguidos sem sofrer.
- O Boavista perdeu pela quarta temporada consecutiva na Luz, onde continua sem ganhar para a I Liga desde 1999.
- Seferovic bisou pela primeira vez em dois jogos consecutivos desde que chegou ao Benfica.
- O Benfica não somava quatro vitórias seguidas no conjunto de todas as competições desde 29 de outubro do último ano e não ganhava três jogos consecutivos para a I Liga desde o início de dezembro.
As reações
Jorge Jesus: "Os árbitros não percebem nada disto"
Seferovic: "Estamos a jogar como equipa"
Jesualdo Ferreira: "A partir dos 5 minutos deixou de ter piada"
Léo Jardim: "O jogo foi condicionado desde o começo"
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