Público, golos, incerteza no resultado, cambalhota no marcador, emoção até ao fim, polémica...o Estoril-FC Porto esteve para ser adiado, mas não foi e acabou por ter um pouco de tudo, com as duas equipas a proporcionarem um excelente espetáculo de futebol.
Foram cerca de três mil os adeptos que estiveram no Estádio António Coimbra da Mota e que tiveram oportunidade de ver ao vivo aquele que terá sido um dos mais emocionantes jogos da temporada. Um jogo que até esteve para não acontecer na data prevista, devido surto de COVID-19 que assolou a equipa do Estoril e que tanta tinta fez correr ao longo da última semana.
Talvez isso tenha trazido uma motivação extra a um Estoril que, com uma primeira parte de grande nível, chegou ao intervalo a vencer por 2-0, empolgando os adeptos da casa. Mas, num jogo com um enredo digno de um filme de Hollywood, o 'twist' viria na segunda parte, com a reação do FC Porto, que acabaria por marcar por três vezes, virar o marcador e chegar à vitória graças a um golo marcado...pelo filho do seu treinador. O ator principal, claro, foi o do costume: Luis Díaz, que voltou a exibir-se a um nível estratosférico e a carregar os dragões até à vitória.
Pelo meio, como também não podia deixar de ser, mais polémica (a juntar à que antecedeu o jogo), com um golo anulado ao Estoril uma altura em que os 'canarinhos' ainda venciam por 2-1. Mas, polémicas à parte, fica o resultado: um (suado) triunfo por 3-2, depois de estar a perder por 2-0, que permitiu ao FC Porto terminar isolado na frente (com três pontos de avanço sobre o mais direto perseguidor, o Sporting) a primeira volta da I Liga 2021/22. Quanto ao Estoril, acabou derrotado, mas mostrou o porquê de ser a equipa-sensação da prova.
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O jogo
O FC Porto até entrou melhor na partida, mas sem conseguiu criar lances de real perigo. E, a partir do momento em que o Estoril percebeu que podia arriscar, a primeira parte transformou-se. A turma da casa, explorando a velocidade qualidade técnica de Chiquinho, Arthur e Franco na frente, começou a sair com maior frequência para o contra-ataque e colocou a bola nas redes aos 31 minutos. Não valeu, por fora de jogo no início do lance, mas estava dado para o mote o que se iria seguir: um quarto de hora de final da primeira parte alucinante poro parte dos 'canarinhos', que levou os seus adeptos a sonharem com uma vitória sobre os vice-campeões nacionais.
O primeiro golo da partida apareceu à passagem dos 38 minutos. Arthur pegou na bola na esquerda, fletiu para o centro e, ainda de fora da área, atirou a contar, com um excelente remate que desviou num adversário e sobrevoou Diogo Costa. Se já estava motivado, o Estoril ganhou ainda mais motivação com esse golo e - aproveitando algum desnorte do FC Porto - chegou ao 2-0 poucos minutos depois. Wendel derrubou Chiquinho na grande área e na transformação do respetivo castigo máximo Franco não perdoou.
2-0 e vantagem inesperada dos anfitriões ao intervalo. O FC Porto precisava de reagir para aproveitar o deslize doo Sporting na véspera, mas parecia caminhar para um desfecho idêntico ao do rival. Pura ilusão. A reação dos azuis e brancos começou logo a abrir a segunda parte. Sérgio Conceição começou por não mexer na equipa, mas os jogadores mexeram com o jogo, impuseram outra velocidade e marcaram logo aos 49 minutos. Luis Díaz na origem do lance, cabeçada de Evanilson ao poste e recarga certeira de Taremi.
Pensou-se que o Estoril poderia ruir, mas tal não aconteceu. O FC Porto criou mais algumas boas ocasiões para o 2-2 (Vitinha atirou ao ferro na marcação de um livre), mas o golo do empate ia tardando e até foram os da casa a marcar, no lance mais polémico do encontro. Franco bateu um canto, Rui Fonte (acabado de saltar do banco) cabeceou para o fundo das redes, mas o árbitro da partida, António Nobre, considerou que antes do cabeceamento do antigo avançado do Braga houve uma falta de Gamboa sobre Evanilson.
Manteve-se o 2-1 e Sérgio Conceição começou a lançar novas pedras para o campo, arriscando mais em busca da igualdade. Mas acabou por ser o suspeito do costume a marcar o golo do empate. Aos 84 minutos, Luis Díaz recebeu a bola dentro da grande área do Estoril, avançou e, na cara do guarda-redes contrário, atirou a contar para o 2-2 (e para o seu 12.º golo na presente edição da I Liga).
Feito o empate, o FC Porto partiu em busca da vitória. Sérgio Conceição lançou o filho, Francisco, e foi recompensado. Aos 89 minutos, Luis Díaz (quem mais poderia ser) arrancou novamente pela esquerda, entrou na grande área do Estoril, chegou à linha de fundo, cruzou rasteiro e atrasado e Francisco Conceição encostou para o fundo das redes, oferecendo os três pontos ao FC Porto, antes de ir festejar com o seu pai e treinador.
O momento
Minuto 89': O FC Porto tinha chegado ao empate cinco minutos antes, mas o cronómetro aproximava-se do minuto 90. Até que o inevitável Luis Díaz pegou na bola na esquerda, entrou em drible na grande área do Estoril e cruzou para o recém-entrado Francisco Conceição encostar para o 3-2 final. Estava consumada a cambalhota no marcador...
O melhor
Só podia ser Luis Díaz. O colombiano continua em grande e nem os rumores da eventual saída para outras Ligas o conseguem abrandar. Desta feita, com o FC Porto a perder por 2-0, foi uma vez mais ele a carregar a equipa para a vitória: esteve no lance do primeiro golo, marcou o segundo e fez a assistência para o terceiro. Com jogadores como ele, reviravoltas como a que os dragões lograram na Amoreira tornam-se mais fáceis.
O pior
Os dois laterais do FC Porto não convenceram. Com João Mário e Manafá lesionados, Sérgio Conceição recorreu ao esta época quase proscrito Jesus Corona para o lado direito da defesa e o mexicano voltou a estar longe do que já demonstrou de dragão ao peito. Do outro lado, com Zaidu ausente, Wendel jogou de início, mas não convenceu e cometeu uma grande penalidade com uma entrada num lance em que dificilmente conseguiria cortar a bola. lembrando as razões que o levaram a perder a titularidade para o nigeriano.
As reações
Bruno Pinheiro atira-se à arbitragem: "Senti que o campo inclinou um bocado"
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