Depois de semanas de expectativa, o grande 'clássico' chegou e encheu o Dragão para uma noite de bom futebol, ânimos quentes e golos. Foi um para cada lado, mas quem saiu a sorrir foram os 'benfiquistas'. Primeiro, porque o FC Porto foi superior durante grande parte do jogo. Segundo, porque mantêm os cinco pontos de vantagem e continuam firmes na liderança.
Sem Fejsa e Grimaldo, duas peças de grande nível no plantel, Rui Vitória lançou Samaris e Eliseu e a equipa ficou claramente a perder. Foi talvez a primeira vez no campeonato em que a vaga de lesões que assola os 'encarnados' desde o início da época afetou de forma clara o rendimento da equipa, que se viu forçada a ceder o controlo da posse de bola ao FC Porto durante grande parte do encontro.
Os 'dragões', por outro lado, assumiram as despesas ofensivas e fizeram-no bem, mas pecaram mais uma vez na finalização. Com Danilo e Óliver em excelente plano, a bola aproximou-se da baliza de Ederson com muita frequência durante o primeiro tempo, em particular, mas teimou em entrar. André Silva e Diogo Jota formaram mais uma vez uma dupla de grande qualidade, mas o primeiro não conseguiu faturar embora tenha tido várias oportunidades para tal.
Acabou por ser Jota a dar ao FC Porto o golo que a equipa de Nuno Espírito Santo fazia por merecer. Num lance em que Ederson poderia talvez ter feito melhor, o avançado de apenas 19 anos fez explodir o Estádio do Dragão com um grande arranque antecedido de uma finalização com pouco ângulo. Olhando para o domínio portista que se verificava até esse minuto 50', e tendo em conta que o marcador se tinha por fim alterado a favor do FC Porto, parecia pouco provável que os três pontos e a aproximação ao líder fossem escapar aos 'dragões'. Mas foi o que aconteceu, com Herrera como culpado-mor.
É verdade que depois do golo o FC Porto baixou as linhas e começou a permitir uma circulação de bola mais regular ao Benfica. Também é verdade que as substituições de Nuno Espírito Santo, que colocou Rúben Neves e Layún retirando jogadores mais ofensivos como são Corona e Óliver Torres, fizeram do FC Porto uma equipa menos explosiva e possessiva. No entanto, e mesmo perante um Dragão menos ameaçador na altura, o Benfica não conseguia realmente testar Iker Casillas, tirando um remate forte de Samaris que o espanhol teve de travar com uma grande defesa.
Assim, e face ao menor poder de fogo do Benfica - as tentativas de Guedes saíram sempre tortas e Mitroglou foi anulado pelos centrais portistas - o FC Porto parecia muito bem encaminhado para um triunfo que até pecaria por escasso. Só que ao cair do pano houve surpresa 'encarnada', impulsionada por Héctor Herrera, que havia entrado aos 87'. O médio mexicano, que atravessa uma fase negra na sua relação com os adeptos (acabará em divórcio?), provocou um pontapé de canto de forma infantil e foi a partir desse canto que surgiu o balde de água fria...e 'encarnada'.
Bem perto do apito final, o canto foi batido à maneira curta, André Horta cruzou e Lisandro López, ele que é homónimo de uma das grandes figuras da história recente do FC Porto, cabeceou e bateu Iker Casillas, dando ao Benfica um ponto precioso que permite aos 'encarnados' manterem a distância de cinco pontos sobre o FC Porto.
O momento do jogo:
O golo de Lisandro López. Para os adeptos portistas, dificilmente poderia ter sido um momento mais cruel. Apontado ao minuto 92, o minuto que ficou celebrizado com um outro golo diante deste mesmo rival, o golo do empate pertenceu ainda a um jogador com um nome que já havia feito história no Dragão...por razões bem diferentes. Já para os adeptos 'encarnados', foi um momento de total euforia, significando um ponto e, mais do que isso, impedindo o FC Porto de somar mais dois.
Os melhores:
Diogo Jota: O avançado portista voltou a exibir a grande sintonia com André Silva e foi sempre motivo de preocupação para a defesa do Benfica. Acima de tudo, foi o autor do golo portista num belo lance individual. Depois desse golo, tudo indicava que este ia ser mesmo o Dia J, não fosse Lisandro a estragar a festa dos 'dragões'.
Lisandro López: Entrou aos 17 minutos para o lugar do lesionado Luisão e foi um suplente de luxo. Só ficou a perder para o brasileiro em voz de comando. Em tudo o resto foi excelente, no que toca ao papel defensivo. Conseguiu ainda inscrever o seu nome no marcador com o golo tardio, através de um cabeceamento certeiro.
Os piores:
Héctor Herrera: Não é fácil recordar uma fase mais difícil do médio mexicano no Dragão. Desta vez ficou fora do 'onze' inicial e só entrou aos 87 minutos, para ajudar a segurar o resultado. E ainda assim conseguiu ficar ligado ao jogo pela negativa, já que foi um erro seu que originou o canto que resultaria no golo da vitória de Lisandro.
Andreas Samaris: Rendeu o lesionado Fejsa e, pese embora o apreço que os adeptos 'encarnados' têm pelo médio grego, a equipa ficou claramente a perder. Sem o ritmo de jogo adequado, Samaris foi incapaz de travar a ofensiva portista durante grande parte do encontro. Só melhorou quando Corona e Óliver Torres foram substituídos por Nuno Espírito Santo.
As reações:
Nuno Espírito Santo: "Resultado deixa-nos muito magoados"
Rui Vitória: "Há um caminho longo a percorrer"
Diogo Jota: "Foi uma desilusão"
Lisandro: "Merecíamos o golo"
André Horta: "Para quem ainda não percebeu, nós somos o Benfica"
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